Tanto a cloroquina quanto o ivermectina, citados no documento, são amplamente defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro
Tanto a cloroquina quanto o ivermectina, citados no documento, são amplamente defendidos pelo presidente Jair BolsonaroReprodução/TV Brasil
Por O Dia
Rio - Em preparação para a instalação da CPI da Covid, que vai acontecer nas próximas semanas, a Casa Civil preparou um documento para defender o governo do presidente Jair Bolsonaro das acusações propostas pela Comissão. Para isso, o Palácio do Planalto elaborou uma divisão e encarregou cada ministério de relatar todas as decisões tomadas durante a pandemia, além de responder algumas das acusações. Apesar de estar se preparando, o governo pode ter metido os pés pelas mãos. Isso, porque a lista de incriminações da Casa aponta 23 possíveis incriminações, enquanto o roteiro proposto pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, sugere apenas 18 pontos. 
Entre as supostas acusações levantadas pelo governo que não foram apontadas pela oposição estão o genocídio de populações indígenas, militarização do Ministério da Saúde e descumprimento das orientações do Tribunal de Contas da União, como mostrou o blog do jornalista Octavio Guedes, no G1. O documento também aponta duas novas possíveis incriminações envolvendo o Ministério da Economia, a ineficácia do Pronampe, programa voltado para pequenas e microempresas e o atraso no pagamento do auxílio emergencial.
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"É uma grata surpresa saber que a CPI ainda nem começou e já tem delação premiada. Aliás, delação precoce, para ficar em linha com a atuação do governo neste campo", ironizou o senador Randolfe Rodrigues em conversa com amigos.
No e-mail enviado, o governo orientou a divisão de acusações pela qual cada pasta ficou encarregada. A Saúde, por exemplo, responde sobre a suposição de que Bolsonaro pressionou ex-ministros para aprovarem o uso da hidroxicloroquina.
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Veja algumas incriminações que o Palácio do Planalto espera enfrentar e o ministério encarregado:
1 - O Governo foi negligente com o processo de aquisição e desacreditou a eficácia da CoronaVac (que atualmente se encontra no Plano Nacional de Imunização) - Saúde, Ciência e Tecnologia e Relações Exteriores

2 - O Governo minimizou a gravidade da pandemia (negacionismo), não incentivou a adoção de medidas restritivas, promoveu tratamento precoce sem evidências científicas comprovadas - Saúde

3 - O Governo retardou e negligenciou o enfrentamento à crise no Amazonas - Saúde e Defesa

4 - O Governo não promoveu campanhas de prevenção à Covid - Saúde e Comunicações

5 - O Governo não coordenou o enfrentamento à pandemia em âmbito nacional - Saúde, Ciência e Tecnologia, Defesa e Advocacia-Geral

6 - O Governo entregou a gestão do Ministério da Saúde, durante a crise, a gestores não especializados (militarização do Ministério) - Saúde e Economia

7 - O Governo demorou a pagar o auxílio-emergencial - Ciência e Tecnologia, Economia, Secretaria de Governo e Cidadania