A indicação de militares para ministérios e cargos relevantes no governo federal atingiu níveis inéditos na gestão de Jair Bolsonaro desde o fim da ditadura militar.
A indicação de militares para ministérios e cargos relevantes no governo federal atingiu níveis inéditos na gestão de Jair Bolsonaro desde o fim da ditadura militar.reprodução
Por iG
Na véspera da sessão que vai dar início aos trabalhos da CPI da Covid no Senado Federal, políticos da oposição se animaram com a notícia de que o Planalto preparou, através da Casa Civil, um documento listando 23 “acusações” que podem ser esperadas por integrantes do governo que serão questionados no decorrer das investigações.

Nas redes sociais, políticos da oposição classificaram o documento como “sincericídio”, “confissão de culpa” e “trabalho já feito”. Parlamentares da base governista não se pronunciaram nas redes sobre os pontos citados na planilha divulgada.
O documento distribuído aos ministérios do governo Bolsonaro pretende reunir argumentos e estabelecer uma defesa sobre a gestão do governo na pandemia. Entre os itens sinalizados estão a negligência no processo de compra de vacinas, falta de coordenação nacional e disseminação de fake news.

Autor do requerimento para criação da CPI da Covid e cotado para assumir a vice-presidência da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou no Twitter que o governo já “sabe quais foram suas práticas criminosas”. O parlamentar também criticou a articulação rápida de uma defesa para apresentar aos senadores enquanto “se omitiu na defesa da vida do povo”.
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A lista elaborada pela própria Casa Civil, aponta alguns dos crimes a serem investigados pela CPI da Pandemia. Um Governo que planeja e trabalha em sua defesa mas se omitiu na defesa da vida do povo.
O perfil oficial do PSOL na plataforma repercutiu o caso, afirmou que Bolsonaro “sabe dos crimes que cometeu e segue cometendo” e classificou a lista como uma confissão. Outros parlamentares do partido seguiram a mesma linha: o deputado federal Ivan Valente (SP) disse que o roteiro com 23 perguntas “parece mais confissão de Culpa”, Guilherme Boulos destacou que há estão indicados os ministérios que devem explicações “pelo genocídio” e a deputada Vivi Reis (PA) apontou que o documento é “o genocídio descrito numa planilha”.

Deputado Federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) José Guimarães (CE) disse que com a lista “o governo confessou seus crimes”, e que o Planalto “tenta arranjar desculpas para o injustificável”. A correligionária Erika Kokay (DF) afirmou que a preparação do documento mostra “medo” por parte do governo e que é “uma verdadeira confissão de crimes”.

Ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Kim Kataguiri classificou ironicamente a lista como uma “jogada de mestre”. Segundo ele, o trabalho desenvolvido pela Casa Civil indicou o caminho para a oposição nas investigações: “o trabalho da CPI já está feito”, declarou. O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) afirmou que se restavam dúvidas sobre a condução do governo na crise sanitária, “a lista da Casa Civil com 23 acusações pelas quais o governo espera ser responsabilizado na CPI aparece como uma confissão de culpa”.

Se ainda havia alguma dúvida, a lista da Casa Civil com 23 acusações pelas quais o governo espera ser responsabilizado na CPI aparece como uma confissão de culpa. Eles sabem onde erraram, mas persistem nas mesmas atitudes que condenaram o Brasil a 391 mil mortos. CPI já!", disse Alessandro Molon.