"Pazuello mentiu?", questionou o relator, Renan Calheiros. "Não, ele deve ter dito isso porque sou a secretária (do órgão que elaborou o aplicativo", disse ela.
Mayra alegou que a ideia de formular a plataforma surgiu da constatação do problema sanitário em Manaus, e que a ferramenta poderia ajudar no diagnóstico dos pacientes com covid. De acordo com ela, o TrateCov é semelhante a diversas ferramentas usadas em países pelo mundo. A médica disse ainda que em São Paulo há inclusive uma plataforma similar usada para casos de dengue.
Segundo ela, a versão que foi lançada em Manaus era um protótipo do TrateCov, uma vez que o aplicativo ainda não tinha sido finalizado. A secretária ainda repetiu a versão de Pazuello, de que a plataforma foi colocada no ar em razão de uma extração indevida dos dados da ferramenta.
"O Tratecov não foi colocado no ar (pelo ministério). Foi uma extração indevida por um jornalista, abrigou nas redes sociais dele e começou a fazer simulações fora e qualquer contexto causando prejuízos a sociedade, poderia ter salvado várias vidas", disse ela, que atribuiu a ação a Rodrigo Menegatti. "Foi feito boletim de ocorrência", afirmou. Mayra disse ainda que a plataforma não foi hackeada, mas alvo de uma "extração indevida" de dados.
Questionada pelo relator, a secretária reconheceu que não houve alteração dos dados da ferramenta durante essa exposição "indevida". De acordo com Mayra, o que se constatou foram "simulações fora de qualquer contexto da pandemia". Para Renan, isso aponta outra "mentira" de Pazuello à CPI. O relator afirmou que o ex-ministro disse à comissão que a plataforma tinha sido alterada quando foi publicada por um terceiro.
Durante a discussão do assunto, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), voltou a dizer que Manaus foi alvo de um "experimento" do governo, em razão do lançamento do TrateCov no Amazonas, repetindo ainda que Pazuello será reconvocado.
Pacheco
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse nesta terça esperar que a CPI da Covid, em funcionamento na Casa, não sirva de "palanque político" para que parlamentares façam autopromoção. "Espero muito que a CPI da Covid possa cumprir seu papel", disse.
De acordo com Pacheco, a expectativa é de que a CPI possa chegar a "conclusões sérias e assertivas em relação a tudo o que houve" "Não participo da CPI. Em hora nenhuma como presidente do Senado fiz qualquer tipo de sugestão ou interferência na CPI", acrescentou. Pacheco participa hoje, virtualmente, de evento do BTG Pactual.