João Gabbardo, coordenador-executivo do Comitê de Saúde de São Paulo
João Gabbardo, coordenador-executivo do Comitê de Saúde de São PauloElza Fiúza/Arquivo Agência Brasil
Por ESTADÃO CONTEÚDO
O coordenador executivo do Centro de Contingência da Covid-19, João Gabbardo, descartou que a terceira onda da pandemia esteja diretamente relacionada à chegada no Brasil da variante identificada pela primeira vez na Índia. Gabbardo disse que o Estado se prepara para caso haja um comportamento mais agressivo da nova cepa e que Secretaria da Saúde trabalha com o aumento da disponibilidade de leitos.

Nesta semana, o Maranhão informou que foi entubado o paciente identificado como portador da nova cepa após piora do quadro de saúde. Especialistas temem que a mutação do vírus que causou o colapso do sistema de saúde indiano tenha uma taxa de contágio maior.

"Quando as pessoas perguntam se nós estamos prevendo uma terceira onda: não. Não existe nenhuma correlação entre o aparecimento de uma variante e uma terceira onda. Essa variante pode não ter capacidade de maior transmissibilidade e maior letalidade. Isso tem de ser analisado e estudado. Nós temos a possibilidade de ter uma nova variante. Toda hora nós temos uma novas variantes. Isso não significa uma terceira onda", afirmou o coordenador.

A análise de Gabbardo ocorreu durante coletiva ao lado do governador João Doria (PSDB) e outros membros do governo paulista na tarde desta quarta-feira, 26. O coordenador pontuou que há mobilização para que três mil leitos, antes utilizados para pacientes com covid-19 e hoje em outras especialidades, sejam remanejados caso seja necessário.

Gabbardo reiterou também que, independente da variante ou do vírus original, as pessoas devem manter a prudência e as medidas sanitárias, como o respeito ao distanciamento físico, uso de máscaras e evasão a aglomerações. O coordenador do Centro de Contigência chamou atenção à necessidade de avançar na vacinação para redução dos indicadores epidemiológicos.

"Ainda estamos enfrentando patamar elevado dos indicadores. Não seria conveniente, neste momento, essa flexibilização, conforme estava previsto para 1º de junho. Há elevação pequena no número de internações, casos, uma estabilidade em patamares elevados e o risco da variante indiana. Tudo isso faz que essa medida de segurança seja a mais adequada para adiar em mais duas semanas a ampliação da reabertura", justificou após Doria anunciar a manutenção das restrições atuais.
SP prorroga estratégia para conter contágio 
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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta quarta-feira, dia26, a prorrogação até 14 de junho da fase de transição do Plano São Paulo, estratégia do governo estadual a fim de conter a disseminação da covid-19 no Estado.

"Estamos ainda enfrentando patamares elevados dos nossos indicadores, de casos e de internações e não seria conveniente neste momento a flexibilização, prevista para o dia primeiro [de junho]. Achamos que seria mais adequado prorrogar por mais duas semanas", afirmou Gabbardo, durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

Pelas regras agora anunciadas, seguem as restrições para funcionamento dos estabelecimentos comerciais das 6h às 21h desde que respeitada a ocupação máxima de 40% da capacidade. Nesta fase, podem funcionar restaurantes e similares, salões de beleza e barbearias, atividades culturais e academias. Também continua em funcionamento o toque de recolher das 21h às 5h.

Conforme previsto, a partir de 14 de junho o horário de funcionamento será ampliado para até as 22h e a ocupação máxima a 60% da capacidade de ocupação. O toque de recolher também será reduzido e passará a vigorar das 22h às 2h.

De acordo com o governador de São Paulo, os atuais indicadores da pandemia "recomendam cautela". "E é cautela que estamos adotando", completou Doria.