Moradores de Rua no Centro do Rio. Nada se faz para resgatar a dignidade dessas pessoasDaniel Castelo Branco

Por ESTADÃO CONTEÚDO
A secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, Berenice Giannella, disse que, com o avanço da pandemia e a alta do desemprego, o número de famílias sem-teto aumentou no último ano. Segundo ela afirmou em entrevista à Rádio Eldorado, a Prefeitura abriu desde maio 340 novas vagas para esse público e prevê inaugurar um novo abrigo na próxima semana. Entidades relatam mortes de moradores de rua este ano no inverno.
Antes composta principalmente por homens desacompanhados, a população em situação de rua em São Paulo adquiriu novo perfil na pandemia. O desemprego no País, que manteve taxa recorde de 14,7% no trimestre encerrado em abril, é uma das principais causas, na opinião de Berenice.
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"Notamos aumento no número de famílias na rua, o que não é comum", afirmou. "Tivemos, inclusive por conta da pandemia, muitas pessoas que perderam o emprego e a moradia. Dependemos de um aquecimento desse cenário econômico para ter diminuição dessas pessoas na rua."
O último levantamento foi em 2019, quando 24.344 pessoas moravam nas ruas da cidade. O próximo deveria ser apenas em 2023, mas a secretaria optou por antecipar a contagem. "Vamos fazer dois censos, um de crianças e adolescentes e outro de adultos. A proposta é realizar o de crianças em setembro e o de adultos em outubro."
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Segundo Berenice, um abrigo especial para essas famílias foi aberto no final de 2020 no centro da cidade. Na ocasião, foram oferecidas 260 vagas em um hotel antigo. Outras 170 vagas serão abertas na próxima semana, com a inauguração de um novo espaço também na região central. Nesta quarta-feira, 30, a capital registrou a noite mais fria em cinco anos.
Questionada sobre as mortes em decorrência do frio relatadas por entidades ligadas à proteção da população de rua, a secretária declarou que, até o momento, a Prefeitura ainda não foi comunicada por nenhum órgão oficial do Estado a respeito de óbitos na cidade. O Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) fala em sete óbitos de sem-teto neste inverno.
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Neste ano, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social antecipou a Operação Baixas Temperaturas para o final de abril por causa da pandemia e a previsão de ondas de frio. O programa intensifica as ações de acolhimento para a população em situação de rua quando as temperaturas são iguais ou inferiores a 13ºC.
"Abrimos novas vagas de acolhimento e emergenciais, no caso daqueles que só querem passar a noite. Também reforçamos as abordagens com nossas equipes nas ruas e aumentamos a distribuição cobertores", afirmou Berenice.
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Ela considera que existem vagas suficientes em abrigos para essa população. "Tem muita gente na rua, mas infelizmente muitas pessoas não aceitam o acolhimento por uma série de razões."
A administração municipal abriu 340 vagas extras durante o inverno. São 200 no Centro Esportivo Tietê, na Luz, e 140 no Clube Municipal Pelezão, na Lapa. Segundo a secretária, há uma média de 150 a 170 pessoas acolhidas por noite. "Acolhemos desde o início da operação, em 30 de abril, mais ou menos 11 mil pessoas."
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Berenice esclarece que os ônibus são disponibilizados diariamente em pontos da região central para o transporte até os abrigos Tietê e Pelezão. "Se elas quiserem voltar para o centro [da cidade] no dia seguinte, o ônibus as traz de volta", garante
Mortes por covid-19
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A cidade de São Paulo registrou 44 óbitos entre a população de rua em decorrência da covid-19, disse a secretária. Segundo Berenice, 2.874 pessoas com casos suspeitos ou confirmados já passaram pelos dois centros de acolhida e atendimento disponibilizados durante a crise sanitária.
Nos últimos quatro meses, mais de 21,7 mil doses de vacinas contra o novo coronavírus foram aplicadas em centros de acolhida Em uma nova etapa de imunização iniciada nesta segunda-feira, 28, a Prefeitura reservou 14 mil doses recebidas da Janssen para completar a vacinação de parte dessa população que não está cadastrada nesses locais.