Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Ayres BritoAgência Brasil

Rio - Após a live realizada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nesta quinta-feira, o chefe do Executivo pode ter cometido um delito. Na ocasião, onde prometeu apresentar 'provas' de que a urna eletrônica não é confiável e de que as eleições de 2018  e 2014 teriam sido fraudadas, Bolsonaro apresentou uma série de fake news e vídeos descontextualizados como argumento. Para o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto, que também chefiou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente pode ser responsabilizado por sua atitude.
Em entrevista à CNN, britto afirmou que "é possível, sim, que ele [Bolsonaro] responda por uma afirmação que não é correta".
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"Ele está sendo interpelado para provar o que alegou. Se ele não provar, certamente estará em curso em alguma figura delituosa e a Justiça Eleitoral saberá tomar as providências. Quem coloca um órgão do Poder Judiciário em dúvida tem que responder por isso", completou. 
Para o magistrado, a atitude de Bolsonaro, de questionar o resultado das urnas, pode significar um atentado à soberania popular, o que seria justificativa suficiente para um impeachment. "Eu não sei qual a verdadeira intenção do presidente da República ao dizer isso, mas eu temo... estou no plano da especulação... que se prepare a sociedade brasileira para esse trauma democrático. Essa irresignação absolutamente inadmissível sem que se recorra aos meios que a própria Constituição e a lei indicam", afirmou. "Eu espero estar enganado nessa avaliação subjetiva". 
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O ex-presidente do TSE disse, ainda, que não se surpreendeu com a atitude de Bolsonaro, visto que "todo ano" alguém coloca a credibilidade das urnas em prova. "Quem passou pela presidência do TSE descansou no conforto da urna eletrônica", relatou, mas sem deixar de reforçar a segurança do método: "Nós somos felizes eleitoralmente graças às virtudes da urna eletrônica".