Jair Bolsonaro (sem partido) faz seu pronunciamento durante reunião virtual do Brics nesta quinta-feira, 9Marcos Correa/PR

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou nesta quinta-feira, 9, da reunião virtual da XIII Cúpula do Brics, bloco composto por Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul. Durante seu pronunciamento, o chefe do Executivo ressaltou a importância com os outros quatro países e, em especial, com os chineses para a produção de vacinas contra a Covid-19 no Brasil. 
Na reunião virtual, com a presença do presidente da China, Xi Jinping, Vladimir Putin (Rússia), Cyril Ramaphosa (África do Sul) e Narendra Modi (Índia), o presidente elogiou os laços com a China, cujo país é o principal parceiro comercial do Brasil. Ele afirmou que a colaboração com o país asiático "tem mostrado essencial para a gestão adequada da pandemia no Brasil".  
"Esta parceria se tem mostrado essencial para a gestão adequada da pandemia no Brasil, tendo em vista que parcela expressiva das vacinas oferecidas à população brasileira é produzida com insumos originários da China", disse Bolsonaro. 
O presidente lembrou do último encontro do grupo de forma presencial, em 2019, quando teve uma reunião bilateral com Xi Jinping, em Brasília. "Aquela foi, por exemplo, a última ocasião em que me reuni pessoalmente com o presidente Xi Jinping, quando discutimos temas da parceria estratégica global entre nossos dois países, bem como o bom estado de nossas relações bilaterais em diversas vertentes, mais especialmente no âmbito comercial de investimentos", disse o presidente do Brasil. 
Reunião virtual dos representantes do Brics nesta quinta-feira, 9 - Marcos Correa/PR
Reunião virtual dos representantes do Brics nesta quinta-feira, 9Marcos Correa/PR
Bolsonaro adotou outra fala nesta quinta-feira, já que em diversas vezes durante a pandemia desprezou a vacina CoronaVac, desenvolvida no país asiático e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, e chegou a dizer que não compraria o imunizante. 
Além da parceria entre o laboratório chinês e o Butantan para a fabricação da vacina, o Brasil conta também com o insumo farmacêutico ativo (IFA) provenientes da China para a produção da CoronaVac e AstraZeneca/Fiocruz.
Além disso, Bolsonaro chegou a insinuar que o coronavírus teria sido criado propositalmente pela China. "É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que estamos enfrentando uma nova guerra? Qual país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês", disse Bolsonaro. 
Entretanto, não foi só o presidente que teve problemas com a China. Em um dos episódios, em novembro de 2020, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) citou supostas espionagens na internet que seriam promovidas pelo Partido Comunista da China.
Falas dos representantes 
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, ressaltou a importância do Brics para a criação de plataformas de contato entre os países e instituições fortes. Ele citou a quantidade de reuniões em vários níveis no grupo neste ano. Xi Jinping também elogiou a cooperação e considerou que o Brics tem feito "progresso sólido".

Para Ciril Ramaphosa, presidente da África do Sul, a "solidariedade e cooperação do Brics ganha peso especial nestes "tempos sem precedentes" da pandemia. Ele insistiu na importância da cooperação e do multilateralismo, qualificando este como "chave para um mundo sustentável para todos". E ainda defendeu a reforma do sistema multilateral.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, citou a crise no Afeganistão, com a retirada de tropas americanas. Ele disse que não está ainda claro como isso pode afetar a segurança global e ressaltou que a Rússia defende a "paz e a estabilidade" nesse país.