Omar AzizDivulgação

Brasília - A CPI da Covid aprovou, nesta quarta-feira, 15, requerimentos para a convocação de novos depoentes como Wagner Rosário, ministro da CGU e Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM) tomou a decisão de ouvir o ministro depois de descobrir que a CGU participou de uma operação da Polícia Federal, em outubro do ano passado, que apreendeu o celular do empresário Marconny Albernaz de Faria.
Para o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que fez o pedido, a operação da PF demonstra a necessidade de a CPI ouvir o ministro da Controladora-Geral da União (CGU), Wagner Rosário. Ele acredita que o depoimento seria um caminho para aprofundar as investigações relacionadas aos recursos federais enviados a estados e municípios. 
Aziz, por sua vez, afirmou que vai agendar o depoimento, para que o ministro possa esclarecer o motivo de, mesmo conhecendo todas as suspeitas de irregularidades envolvendo o contrato da vacina indiana Covaxin com o Ministério da Saúde, não ter impedido que as tratativas fossem adiante.
 

O presidente da CPI considerou que Wagner Rosário tem que explicar à comissão por que não tomou ações para barrar as negociações irregulares conduzidas no Ministério da Saúde. Para Omar Aziz, Wagner Rosário prevaricou, ou seja, como servidor público, deixou de tomar iniciativas que são de sua responsabilidade, se omitindo diante de irregularidades.

"O que ele tem que explicar não é as operações que ele fez, é a omissão dele em relação ao governo federal. Tem que vir, mas não tem que vir para jogar para a torcida, não. Ele vai jogar aqui é no nosso campo. E Wagner Rosário, que tinha acesso a essas mensagens desde 27 de outubro de 2020, ele é um prevaricador"declarou Omar, ao pedir que o relator inserisse a informação no parecer final da CPI.

Segundo o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), essa estratégia foi enviada por Marconny a Ricardo Santana, para que ele pudesse então encaminhá-la para o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde.
Ainda nesta quarta-feira, a CPI aprovou a convocação da ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle. Indícios apontam que ela teria beneficiado o lobista Marconny Faria em assuntos do governo.
"Acabamos de aprovar requerimento de convocação da Sra. Ana Cristina Bolsonaro. Temos certeza que seu depoimento contribuirá muito para as investigações desta CPI", completou Randolfe.


"Atenção especial" 
Segundo o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Faria demandou a ex-mulher de Bolsonaro por duas vezes em questões relacionadas ao governo. Em uma delas, afirmou o parlamentar, o advogado pediu uma "atenção especial" para um caso de investigação de corrupção e, na outra, solicitou interferência para um cargo público. Ana Cristina é mãe de Jair Renan, o quarto filho do presidente, com quem Faria também admitiu ter relação de amizade. Ana Cristina e Jair Renan moram hoje em Brasília.

Em uma segunda oportunidade, o advogado recorreu à ex-mulher de Bolsonaro para influenciar a nomeação ao cargo de chefe da Defensoria Pública da União (DPU). O candidato apoiado por Faria era o defensor público Leonardo Cardoso.

"O detalhamento vai ao nível de escolher se o pedido vai por e-mail, vai por mensagem, que é mais pessoal. Vai ao detalhe de tentar atacar os adversários na corrida pela nomeação, dizendo que são de esquerda" relatou Alessandro Vieira.

Questionado por Vieira se conhecia Cardoso, o advogado disse, primeiro, que não. Depois voltou atrás. "Estive com ele uma vez", afirmou Faria.