Presidente Jair Bolsonaro (sem partido)Marcos Correa
Número de licenças concedidas a caçadores triplica durante governo Bolsonaro
Exército emitiu mais de 193 mil novos registros para a prática desde janeiro de 2019
O armamento a população brasileira é uma das principais bandeiras do bolsonarismo e, para colocar este promessa de campanha em prática, o governo federal acelerou o ritmo de emissão de licenças a caçadores. Desde janeiro de 2019, ou seja, 2 anos e 8 meses, o Exército emitiu 193.539 novos registros para a prática. O aumento registrado foi de 243% em relação ao período anterior, de 2018 a 2016, em que houve apenas 56.400 certificados emitidos.
As informações são do portal G1 e a prática de caça aos animais é proibida no Brasil, com exceção ao javali. A legislação brasileira permite, porém, que o animal possa ser manejado, ou seja, o abate indolor realizado apenas para que não haja reprodução descontrolada da espécie. Isso porque o javali contamina rebanhos de porcos e destrói plantações.
Ivan Marques, integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, diz que o aumento no número de caçadores deve servir para que a prática sofra uma maior regulação e fiscalização. "Hoje nós sabemos que não acontece. Acaba gerando um salvo conduto, uma verdadeira possibilidade de liberação de armas para aquele que se cadastra como caçador".
Atualmente, um caçador pode comprar até 90 mil munições por ano, o que lhe permite realizar 246 disparos por dia em todos os dias do ano. "Haja javali para que todos esses tiros sejam gastos com esse manejo", diz Ivan.
Com o aumento significativo de caçadores de javalis, o número destes animais deveria, em tese, diminuir. Mas o animal continua a se espalhar. Em 2016, foram 563 municípios que registraram a presença de javalis. Em 2019, o número triplicou e o animal foi registrado em 1.536 cidades pelo país.
Até agosto de 2021, o número de novos registros para caçadores já ultrapassou as emissões de todo o ano de 2020. O número de licenças concedidas, que permite a compra de armas de fogo de grande porte, como fuzis, não reflete no controle populacional dos javalis.
"Vamos imaginar um dia em que o javali não seja mais um problema no Brasil. O Exército vai recolher essa arma? Vai retirar a licença dessas pessoas? Ou seja, o Brasil vai criando situações em que acaba sendo muito difícil voltar atrás", questiona Ivan Marques.