CPI da Covid: senadores debatem ameaça de filho 04 de Bolsonaro no início da sessão
Senador Rogério Carvalho pediu para que fosse encaminhada uma representação à PGR e à presidência do Senado, para que sejam tomadas as providências necessárias em relação ao vídeo publicado por Jair Renan
A CPI ouve ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, nesta terça-feira - Edilson Rodrigues/Agência Senado
A CPI ouve ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, nesta terça-feiraEdilson Rodrigues/Agência Senado
Brasília - Antes do início da oitiva do ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, o senador Rogério Carvalho (PT-SE), apresentou uma questão de ordem em relação ao vídeo postado, em redes sociais, por Jair Renan, filho de Jair Bolsonaro (sem partido). No vídeo o jovem de 22 anos está em uma loja de armas, aponta para as pistolas e diz: "Alô, CPI!". Segundo o senador, o intuito do vídeo foi ameaçar os parlamentares, após CPI levar luz “à troca de favores entre ele e o lobista Marconny Farias”. O senador sugeriu que fosse encaminhada uma representação à Procuradoria Geral da República (PGR) e à presidência do Senado para que adotem as providências necessárias.
Segundo o regimento interno do Senado, citado pelo Rogério, “é irregular qualquer ato que coíba a participação plena dos senadores nas atividades legislativas”.
“Ele já tem todas as faculdades e todas as responsabilidades criminais. Na condição de filho do presidente, ele deve servir de exemplo para todos aqueles que cometem atos de intimidação das instituições democráticas”, disse Rogério. “Me parece que é um traço familiar agredir a democracia, o estado democrático de direito e as instituições democráticas. É uma ameaça velada aos membros da CPI”, completou.
Os parlamentares fizeram coro à fala de Rogério em relação a Jair Renan. “Quando termina a CPI? Quando o governo parar de fazer tolice”, disse o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM).
Aziz informou ainda que conversou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o qual disse estar "100% solidário com o trabalho da comissão". Segundo o senador, Pacheco classificou de inaceitável esse tipo de comportamento, seja de quem for, e que tomaria providências.
Em sequência, a ida de Bolsonaro a Nova York entrou em pauta e, a pedido do relator Renan Calheiros (MDB-AL), a CPI reproduziu um vídeo do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, onde ele aparece direcionando gestos obscenos a manifestantes em Nova York. Em seguida a CPI também apresentou um vídeo sobre nota normativa do governo para ampliar o acesso de crianças ao tratamento com hidroxicloroquina. No vídeo, jornalistas comentam a nota editada em 2020 e que trazia recomendações para o uso de medicamentos comprovadamente sem eficácia. Uma das referências citadas para embasar as orientações é o médico Marcelo Queiroga, atual ministro da Saúde.
A apresentação dos vídeos, no entanto, não deixou o senador Marcos Rogério (DEM-RO) satisfeito. “Presidente, essa é a pauta da CPI no dia de hoje?”, perguntou.
Marcos acusou a CPI de ser utilizada como “palco de politicagem” e de “passar vergonha”, gerando uma discussão generalizada na sessão.
Após as discussões, o Marcos Rogério também criticou a publicação de Jair Renan, que considerou "inapropriada". No entanto, disse que não era o suficiente para que seja necessária uma convocação pela CPI. O senador disse não ter visto crime de ameaça, mas não se opõe que seja enviada uma representação para apuração do fato pelo foro apropriado.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.