Casos de SRAG são considerados subnotificação para os casos de covid-19Reprodução
Gomes ressaltou que embora ainda não seja possível garantir “que o pior já passou”, ou sequer estabelecer com precisão o que levou a essa situação excepcional, o cenário atual é positivo. Entre as justificativas que poderiam explicar o porquê dessa diferença, ou seja, da variante Delta não ter avançado no país, cita a proximidade em relação aos picos recentes, e extremamente elevados em março e maio, o que fez com que o número de pessoas recentemente expostas e que ainda possuem algum nível de imunidade tenha sido relativamente alto.
Além disso, ele observa que a própria concomitância com o avanço gradual da vacinação, que foi inclusive acelerada nos últimos meses, impediu o avanço da nova variante. “Embora a cobertura de segunda dose ainda esteja distante do patamar considerado ideal para proteção coletiva”, afirmou.
Faixas etárias
Em relação às faixas etárias, o estudo mostra que, após período de estabilização de casos de SRAG entre crianças e adolescentes (0 até 9 anos e 10 até 19 anos), observa-se queda sustentada desde a segunda quinzena de agosto. Mesmo com dados ainda expressivos para crianças, as estimativas para as últimas semanas encontram-se em valores próximos ao que se registrou no pico de julho de 2020, entre mil e mil e duzentos casos por semana. No grupo dos adolescentes, a queda reintroduz cenário próximo à situação de dezembro de 2020, quando foram registrados os valores mais baixos. A estimativa é de 130 a 170 casos para a última semana.
Outra boa noticia é que as faixas etárias dos 20 até os 59 anos já retornaram ao patamar de outubro de 2020, nível que já havia sido atingido por aqueles com mais de 60 anos. Gomes atribui a redução dos indicadores de SRAG na população adulta à campanha de vacinação. “A campanha permitiu proteção dessas pessoas durante o período de aumento na transmissão — abril e maio. A estabilidade em valores relativamente mais altos na população mais jovem, por outro lado, é um sintoma da manutenção de transmissão elevada na população em geral”, destaca o pesquisador.
Outros vírus respiratórios
O Boletim volta a alertar para o aumento no número de casos confirmados de vírus sincicial respiratório (VSR) Embora em valores relativos seja muito abaixo do total de casos semanais de SRAG, o estudo tem observado aumento no número de casos confirmados de vírus sincicial respiratório (VSR), que registrou valores acima de 200 novos casos semanais entre as semanas 6 a 29 de 2021 (7/2 a 24/7), atingindo 432 casos confirmados referentes à SE 11. Esse aumento encontra-se presente em todas as regiões do país, sendo que as regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste são as que apresentam a maior incidência acumulada até o momento.
“O aumento de casos confirmados de VSR pode estar associado ao relaxamento em relação às medidas de distanciamento, que também levou ao aumento explosivo nos casos de covid-19. Para os casos de SRAG em crianças pequenas sem diagnóstico positivo para covid-19, o VSR acaba sendo o suspeito natural nesse contexto. Portanto, a testagem por RT-PCR torna-se importante para o diagnóstico diferencial e acompanhamento de sua disseminação no território nacional. No Rio Grande do Sul, em particular, os dados laboratoriais indicam que o aumento significativo de casos de SRAG em crianças foi majoritariamente causado por casos de VSR”, explicou Marcelo.
Também se observa presença de casos confirmados para Rinovírus, mantendo uma média de aproximadamente 30 casos semanais em 2021 entre as SE 11 e 16, voltando a aumentar no mês maio atingindo 128 casos positivos na SE 20 e voltando a manter valores acima de 100 casos por semana em julho. A distribuição etária dos casos positivos para Rinovírus apresenta mediana de 6 anos [0 – 81] ao longo de 2021.
SRAG nas Capitais
Apenas cinco das 27 capitais apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a SE 37: Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Macapá (AP), Porto Velho (RO) e Vitória (ES). Em 11 capitais, observa-se sinal de queda na tendência de longo prazo: Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). Além disso, quatro capitais apresentam sinal de crescimento apenas na tendência de curto prazo (últimas três semanas): Aracaju (SE), Belém (PA), Manaus (AM) e Rio de Janeiro (RJ).
Já Porto Velho apresenta sinal forte de crescimento tanto na tendência de curto quanto de longo prazo. Belo Horizonte, Macapá e Vitória apresentam sinal moderado de crescimento nas tendências de curto e longo prazo, enquanto Florianópolis apresenta sinal moderado de crescimento apenas na tendência de longo prazo. Aracaju, Belém e Manaus apresentam sinal de estabilidade na tendência de longo prazo acompanhado de sinal moderado de crescimento no curto prazo.
Já no Rio de Janeiro, percebe-se sinal moderado de queda na tendência de longo prazo, porém acompanhado de indícios moderados de crescimento no curto prazo, sugerindo interrupção de queda. Seis capitais apresentam sinal de estabilização nas tendências de longo e curto prazo: Fortaleza (CE), Maceió (AL), Natal (RN), Salvador (BA), São Luís (MA) e Teresina (PI).
SRAG nos estados
Os estados do Espírito Santo, Piauí e Rondônia apresentam sinal moderado de crescimento na tendência de longo prazo, porém partem de patamares relativamente baixos. Amapá, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro e Tocantins registram sinal de estabilidade na tendência de longo prazo acompanhado de sinal moderado de crescimento na tendência de curto prazo. No estado do Amazonas, temos sinal moderado de queda ainda presente na tendência de longo prazo, porém acompanhado de sinal moderado de crescimento no curto prazo.
As sete unidades federativas que apresentam sinal de estabilidade nas tendências de longo e curto prazo são: Acre, Alagoas, Distrito Federal, Minas Gerais, Pará, Paraná e Rio Grande do Norte. O Maranhão está com todas suas macrorregiões de saúde em nível epidêmico ou inferior, sem apresentar nenhuma macrorregião de saúde em nível alto ou superior.
Transmissão comunitária
Os indicadores de transmissão comunitária apontam que a maioria das capitais encontram-se em macrorregiões de saúde com nível alto ou superior, embora diminuindo gradativamente. Das 27 capitais, uma integra macrorregião de saúde em nível epidêmico (São Luís), 18 integram macrorregiões de saúde em nível alto (Aracaju, Belém, Boa Vista, Cuiabá, Fortaleza, João Pessoa, Macapá, Maceió, Manaus, Natal, Palmas, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Rio Branco, Salvador, Teresina e Vitória), cinco apresentam nível muito alto (Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Rio de Janeiro e São Paulo) e três encontram-se em nível extremamente alto (Belo Horizonte, Brasília e Goiânia).
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