Sérgio Camargo, presidente da Fundação PalmaresFundação Palmares/Divulgação

São Paulo - A Justiça do Trabalho determinou, no último domingo (11), o afastamento do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, das atividades de gestão de pessoal. Com a decisão, ele fica proibido de nomear, contratar e afastar servidores da entidade. O despacho é assinado pelo juiz Gustavo Carvalho Chehab, da 21.ª Vara do Trabalho de Brasília, que atendeu a um pedido do Ministério Público do Trabalho.
Para o órgão, Camargo cometeu assédio moral, perseguição ideológica e discriminação contra funcionários. "Os elementos iniciais de provas trazidos pelo autor indicam que, pela ótica dos relatos colhidos no procedimento investigativo prévio a esta demanda, o ambiente laboral sofreu degradação e que ex-trabalhadores narram situações de fobias, de pânico e de abalo emocional", diz um trecho da decisão. A multa diária em caso de descumprimento é de R$ 5 mil.
Em sua decisão, o juiz disse ainda que a medida é cautelar e pode ser revista, mas é necessária por ora para "coibir eventuais práticas tidas, a princípio, como abusivas". Ele decidiu impor o afastamento parcial, apenas em relação ao gerenciamento dos funcionários, por considerar que as acusações se restringem ao tema. "O alegado abuso do réu está centrado na gestão de pessoas e na possível execração pública de indivíduos", escreveu.
O magistrado também proibiu Sérgio Camargo de usar seus perfis pessoais e as contas institucionais da Fundação Palmares nas redes sociais contra terceiros. "Imponho, ainda, a seguinte medida de caráter cautelar: proibição de - direta, indiretamente ou por terceiros - manifestação, comentário ou prática vexatória, de assédio, de cyberbullying, de perseguição, de intimidação, de humilhação, de constrangimento, de insinuações, de deboches, de piadas, de ironias, de ataques, de ofensa ou de ameaça", determinou.
Enquanto aguarda o desfecho do processo, a Fundação Palmares ainda deverá abrir uma auditoria interna para apurar o caso. Em agosto, a Procuradoria do Trabalho chegou a pedir o afastamento imediato de Camargo.
De acordo com a Procuradoria do Trabalho, as apurações indicaram que Sérgio Camargo persegue os trabalhadores que ele classifica como "esquerdistas", promovendo um "clima de terror psicológico" dentro da Fundação Palmares.
Como mostrou o Estadão em março, a investigação teve início em julho de 2020, após o MPT no DF receber uma denúncia relatando que Camargo "estaria praticando perseguição ideológica a trabalhadores" com "opiniões e posições políticas e ideológicas distintas das suas".
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Fundação Palmares para comentar a decisão, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição. Nas redes sociais, Camargo publicou: "A cada ataque me fortaleço mais".