Com menos de 50% da população com esquema vacinal completo, é fundamental que o Brasil adote o passaporte vacinal como uma política pública de estímulo à vacinação e proteção coletiva, afirma o boletimDivulgação / Fiocruz
Na visão dos pesquisadores do Observatório Covid-19 Fiocruz, responsáveis pelo boletim, com menos de 50% da população com esquema vacinal completo, é fundamental que o Brasil adote o passaporte vacinal como uma política pública de estímulo à vacinação e proteção coletiva, além de reforçar para a população a importância da manutenção de outras medidas, como o uso de máscaras, higienização das mãos e o distanciamento físico e social. Eles ressaltam que a combinação deste conjunto de medidas é fundamental para garantir um processo cauteloso de retomada das atividades, a exemplo do que vem sendo realizado em Singapura, país considerado exemplar no enfrentamento da pandemia.
“No Brasil, além do aumento da vacinação e da continuidade de medidas protetivas, a retomada de muitas atividades presenciais que foram suspensas durante a pandemia coloca a necessidade de readequar ambientes de convívio com filtros ou melhores condições de ventilação e prever estratégias de vigilância epidemiológica, com ampla testagem. A pandemia ainda está em curso. Estamos avançando, mas não podemos negligenciar cuidados que ainda se fazem fundamentais”.
O boletim aponta que, ao longo das duas últimas semanas epidemiológicas, vem sendo reduzida no Brasil a velocidade na queda dos indicadores da mortalidade, incidência de novos casos novos de Covid-19 e no índice de positividade de testes de diagnóstico. Os dados mostram que, em agosto e setembro (SE 24 a 38), houve uma redução média de 2% nos casos e óbitos por dia.
Nas Semanas Epidemiológicas 39 e 40 (26 de setembro a 9 de outubro), a redução de casos média diária foi de 0,5% e de 1,2% para óbitos. A taxa de letalidade se encontra atualmente em torno de 3% e permanece alta em relação a outros países. Foi observada também uma tendência de estabilização de alguns desses indicadores, o que indica a permanência da transmissão do vírus, porém com menor impacto na geração de quadros graves, internações e óbitos de por Covid-19.
Apesar da redução da velocidade na queda desses indicadores da pandemia, desde julho de 2021, com a intensificação da vacinação, o país vem registrando uma diminuição na incidência de casos novos, nas ocupação de leitos UTI e taxas de mortalidade. Outro resultado positivo é que, na última semana, nenhuma macrorregião de saúde registrou taxa de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) acima de 10 casos por 100 mil habitantes, após várias semanas com registros de taxas muito altas.
Óbitos
Leitos de UTI para Covid-19
Foram registradas reduções nos leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS em Rondônia, Amazonas, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. Além disso, leitos que já não vinham sendo contabilizados no Maranhão voltaram a ser contabilizados, explicando parcialmente a queda do indicador no estado de 32% para 14%.
No balanço geral, o Distrito Federal está na zona de alerta crítico (89%), o Espírito Santo está na zona de alerta intermediário (65%) e os vinte e cinco demais estados estão fora da zona de alerta: Rondônia (36%), Acre (6%), Amazonas (24%), Roraima (27%), Pará (23%), Amapá (11%), Tocantins (27%), Maranhão (14%), Piauí (52%), Ceará (482%), Rio Grande do Norte (35%), Paraíba (25%), Pernambuco (51%), Alagoas (30%), Sergipe (18%), Bahia (28%), Minas Gerais (23%), Rio de Janeiro (44%), São Paulo (30%), Paraná (46%), Santa Catarina (42%), Rio Grande do Sul (56%), Mato Grosso do Sul (20%), Mato Grosso (31%) e Goiás (49%).
Entre as capitais, Brasília (89%) permanece na zona de alerta crítico, e Vitória (63%) e Porto Alegre (63%) na zona de alerta intermediário. Porto Velho e a cidade do Rio de Janeiro deixam a zona de alerta, valendo destacar que, na última, isto ocorre pela primeira vez desde que os pesquisadores do boletim começaram a monitorar o indicador, em julho de 2021.
Vinte e quatro capitais estão fora da zona de alerta: Porto Velho (57%), Rio Branco (6%), Manaus (57%), Boa Vista (27%), Belém (0%), Macapá (12%), Palmas (39%), São Luís (8%), Teresina (51%), Fortaleza (39%), Natal (37%), João Pessoa (24%), Recife (a taxa específica de Recife não foi divulgada, mas consta do boletim publicado pela Secretaria de Saúde do município que todos os leitos municipais de UTI Covid-19 já foram desativados; há leitos em níveis de atenção de menor complexidade), Maceió (51%), Aracaju (18%), Salvador (26%), Belo Horizonte (50%), Rio de Janeiro (59%), São Paulo (38%), Florianópolis (57%), Campo Grande (21%), Cuiabá (40%) e Goiânia (39%).
Análise demográfica
Após o início da vacinação entre adultos jovens, a média e mediana de idade dos três indicadores – internações gerais, internações em UTI e óbitos – voltaram ao patamar superior a 60 anos. Isto significa que mais da metade de casos graves e fatais ocorrem entre idosos. No entanto, embora a média e mediana de idade para casos hospitalizados mantenha tendência de aumento, a média e mediana de idade dos óbitos encontram-se estáveis há três semanas. A proporção de casos de internação entre idosos, que já esteve em 27% (SE 23, 06 a 12/06), hoje se encontra em 62,1%. Já para os óbitos, que representaram, na mesma semana 23, a menor contribuição de idosos (44,6%), hoje se encontram em 78,9%.
Nas internações em leitos de terapia mantém-se o panorama de maior contribuição relativa das faixas etárias mais idosas entre as internações em UTI. As faixas etárias de 60 a 69 anos e 70 a 79 anos representam os grupos etários de maior contribuição relativa das internações em UTI.
Taxa de letalidade
Oscilações
Estratégias de enfrentamento
Apesar de já ter alcançado o valor de 83% de sua população com esquema vacinal completo, em setembro o país voltou a registrar uma elevação no número de casos. Os hospitais voltaram a apresentar saturação na capacidade de atendimento, com longas filas nos setores de emergência. Diante disso, o governo restabeleceu a adoção de medidas restritivas e de distanciamento físico e social. A atual estratégia do país consiste em revisar suas restrições e realizar ajustes de acordo com a situação epidemiológica, sendo possível a necessidade do uso de máscaras, viagens limitadas e distanciamento físico e social até 2024.
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