Coronel da Polícia Militar de São Paulo, Marcos de Castro SimanovicAgência Senado
Chefia do ICMBio é assumida por PM que já atuou para cancelar multas ambientais
No ICMBio desde maio de 2019, Simanovic faz parte do processo de militarização que tomou conta do órgão federal com a chegada do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles
Brasília - O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) passou a ter, como chefe substituto, o coronel da Polícia Militar de São Paulo Marcos de Castro Simanovic, que atua na Diretoria de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do ICMBio. Ele passa a acumular os dois cargos, depois da exoneração de Fernando Cesar Lorencini da presidência do órgão, publicada nesta sexta-feira.
No ICMBio desde maio de 2019, Simanovic faz parte do processo de militarização que tomou conta do órgão federal com a chegada do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.
Com histórico controverso entre seus pares dentro do Instituto, Simanovic já atuou diretamente para cancelar processos concluídos de autuações ambientais contra infratores, questionando pareceres de áreas técnicas do próprio ICMBio que já tinham transitado em todas as instâncias administrativas.
Simanovic assume o posto que até esta sexta-feira era ocupado por outro militar da PM paulista, Fernando Cesar Lorencini, que também foi nomeado por Ricardo Salles. Pelo regimento, Marcos de Castro Simanovic fica no cargo como presidente substituto pelo prazo de 30 dias. Caso nenhuma nova nomeação seja feita neste período, ele passa a responder como presidente interino.
Quarta troca
Com a saída de Lorencini, o ICMBio tem a quarta troca de comando sob a gestão do governo de Jair Bolsonaro. No início de 2019, Ricardo Salles nomeou Adalberto Eberhard para o posto. Depois, em abril do mesmo ano, trocou o comando e trouxe outro militar paulista, Homero de Giorge Cerqueira. Em agosto do ano passado, Cerqueira foi demitido por Salles. Foi nomeado, então, Fernando Cesar Lorencini, que agora deixa o posto.
Santuário no Cristo Redentor
As motivações sobre a exoneração de Lorencini ainda não estão claras e fala-se que ele teria deixado o cargo por motivos particulares. Há relatos, porém, de que o estopim que levou à sua saída pode estar relacionado ao imbróglio que envolveu o ICMBio e o Santuário Cristo Redentor, na zona sul do Rio de Janeiro.
Em setembro, o Santuário Cristo Redentor, que tem como reitor o Padre Omar, declarou que "a postura dos seguranças (funcionários do ICMBio) do Parque Nacional da Tijuca tem sido hostil" a religiosos e funcionários. "De maneira recorrente, bispos e outros religiosos, fiéis e convidados da Igreja, passam por constrangimentos para acessar o Santuário".
Na ocasião, o ICMBio respondeu, por meio de nota, que, "por questões de segurança dos frequentadores e conservação ambiental de alguns Parques Nacionais, todos os veículos precisam se identificar" e "essa checagem pode levar um pouco mais de tempo, devido à quantidade de frequentadores."
No início deste mês, a pedido de Bolsonaro, o ministro do Meio Ambiente Joaquim Leite foi até o Rio para formalizar um acordo de "convivência" entre o Ministério e a Arquidiocese do Rio. Com esse acerto, quem é diretamente ligado ao Santuário de Cristo terá livre acesso à área do Cristo Redentor.
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