O religioso é responsável pela paróquia de São Benedito há 30 anos, além de ser o dono de uma rede de ensino com dois colégios e uma faculdadeReprodução

A Arquidiocese de Belo Horizonte afastou o padre José Carlos Pereira nesta terça-feira, 9, por suposto envolvimento em casos de abuso sexual de mulheres em Santa Luzia, na região metropolitana da cidade. Segundo as denúncias, uma das vítimas teria sido abusada pelo menos 50 vezes. Já chega a quatro o número de denúncias ao religioso.

A Arquidiocese também afirmou que o religioso havia sido afastado, mas depois recuou da decisão. Agora a decisão se mantém até o fim das investigações. 

"Desde que tomou ciência das denúncias, a Arquidiocese de Belo Horizonte procurou agir com rapidez, mas com prudência, se inteirando do processo, em diálogo com as instâncias oficiais, o que exige respeito a prazos de instituições e agentes do direito. Dialogou também com o sacerdote e com a comunidade paroquial. A Arquidiocese de Belo Horizonte confia que a justiça prevalecerá", informou em nota a instituição.

Em depoimento, uma das vítimas disse que um dos abusos foi na sala do padre. O religioso segurou a vítima pela cabeça quando ela estava contando dinheiro e forçou um beijo na boca. Após isso, os assédios se tornaram frequentes em todas as oportunidades em que permanecia sozinha com o sacerdote. Os abusos aconteceram também na sala paroquial e na garagem da casa paroquial. Foram ao menos 50 vezes de agosto do ano passado até abril deste ano, relatou a vítima.

Outra vítima disse que o padre passava a mão na cintura e nas costas dela, beijava e mandava ela se sentar no colo dele.
A Polícia Civil de Minas Gerais, através da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, em Santa Luzia, já instaurou um inquérito para apurar os supostos crimes de importunação e assédio sexual. Segundo informações divulgadas pela corporação, além das quatro vítimas já ouvidas, outras seis devem prestar depoimento ainda nesta semana.

O delegado Pedro Henrique Cunha também informou que o padre ainda não foi ouvido. “O inquérito policial demanda um prazo de duas a três semanas para que eventuais novas vítimas se apresentem à Polícia Civil e tenham seus depoimentos colhidos”, explicou.

Defesa

Em nota, o padre José Carlos disse que pediu para se afastar da paróquia e falou que vai aproveitar para cuidar da saúde, seguindo orientações médicas. "Entendam que não estou saindo da paróquia", disse ele.

O religioso é responsável pela paróquia de São Benedito há 30 anos, além de ser o dono de uma rede de ensino com dois colégios e uma faculdade.