Presidente Jair Bolsonaro (sem partido)Antonio Cruz/Agência Brasil

Brasília - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) negou nesta segunda-feira, 22, a interferência na preparação da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O chefe do Executivo também afirmou que o exame "ainda" teve "questão de ideologia" e que, caso ele e o ministro da Educação, Milton Ribeiro, pudessem intervir, essas questões não teriam feito parte da prova. 
A declaração ocorreu durante conversa com apoiadores na saída da residência oficial do Palácio da Alvorada na manhã desta segunda-feira. Apesar de ter afirmado sobre "questão de ideologia" no exame, o presidente não especificou qual foi a questão na prova.
"Estão acusando aí o ministro Milton [Ribeiro, da Educação] de ter interferido na elaboração das provas. Olha, se ele tivesse essa capacidade e eu, não teria nenhuma questão de ideologia neste Enem agora, que teve ainda", declarou Bolsonaro.
Bolsonaro ainda acrescentou: "Você é obrigado a aproveitar banco de dados de anos anteriores, você é obrigado a aproveitar isso aí. Agora, dá para mudar? Já está mudando. Vocês não viram mais a linguagem de tal tipo de gente, com tal perfil. Não existe isso aí".
No primeiro dia de provas, houve questões sobre racismo, escravidão, erotização da mulher e questão indígena.
Ao longo deste mês, uma série de polêmicas envolvendo o Enem têm acontecido. Trinta e sete funcionários pediram demissão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo Enem. Servidores afirmaram que sofreram pressão psicológica e vigilância velada na formulação do exame neste ano. 
Uma semana depois, Bolsonaro afirmou que as questões "começam agora a ter a cara do governo". Na semana passada, foi anunciado que Bolsonaro havia pedido a mudança do termo "golpe de 64" para "revolução de 64". 
Em razão disso, parlamentares de oposição acionaram o Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo a apuração de suposta interferência no Inep, no entanto o governo tem negado.