André Mendonça tem indicação aprovada para ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)Marcos Oliveira/Agência Senado

Brasília - Aprovado nesta quarta-feira pelo Senado para ocupar a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro da Justiça André Mendonça visitou o Palácio do Planalto na manhã desta quinta-feira (2) e disse esperar tomar posse na Corte ainda em 2021.
"Falei com presidente do Supremo, Luiz Fux e a expectativa é esse ano ainda", declarou o futuro ministro a jornalistas, sem, no entanto, precisar o dia da solenidade de posse. "Ainda não tem data, que eu saiba", acrescentou ele.

De acordo com Mendonça, ele foi ao Palácio "dar um abraço" no presidente Jair Bolsonaro (PL). O chefe do Executivo, no entanto, viajou mais cedo para o Rio de Janeiro, onde participará de mais uma formatura de sargentos. "Ah, ele está no Rio? Então, vou falar com Pedro e com Célio", afirmou o ex-ministro depois de ser informado por jornalistas sobre a ausência do presidente. Pedro Marques de Sousa e Célio Faria Júnior são assessores do chefe do Executivo.

Alçado à mais alta Corte do País por 47 a 32 votos no Senado, após quatro meses no aguardo da sabatina, Mendonça também revelou na chegada ao Planalto ter conversado por telefone com Bolsonaro ainda ontem. "Ele estava muito feliz", declarou o ex-Advogado-Geral da União. "Sabia que ia ser difícil, mas que íamos vencer", completou Mendonça sobre as expectativas pela apreciação de seu nome pelo Congresso.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez nesta quinta-feira uma publicação no Twitter em comemoração à aprovação da indicação de Mendonça para o Supremo. "Grande vitória do governo e do povo brasileiro! Desejo boa sorte ao novo ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonla. Que Deus continue lhe dando sabedoria e coragem na tomada das decisões pautadas na defesa da Constituição, da Democracia e da nossa Liberdade", escreveu o ministro da Saúde.
'Terrivelmente evangélico'

Após a aprovação de seu ex-ministro e aliado, Bolsonaro foi às redes sociais ontem dizer que o compromisso do governo de levar um "terrivelmente evangélico" ao Supremo foi alcançado. Durante a sabatina nesta quarta-feira, Mendonça garantiu que, no STF, atuará à luz da Constituição, apesar de seus princípios religiosos. Ele é presbiteriano. No entanto, após a votação, o novo ministro da cúpula do Judiciário afirmou que sua posse é um salto para os evangélicos no país. 
Pronunciamento 
No seu pronunciamento após ser confirmado pelo Senado, Mendonça ressaltou o peso de sua chegada à Corte para os evangélicos. "É um passo para um homem, mas na história dos evangélicos do Brasil, é um salto. Um passo para um homem, um salto para os evangélicos", disse, numa referência ao que declarou astronauta Neil Armstrong quando pisou pela primeira vez na lua, em 1969: "É um pequeno passo para um homem e um grande salto para a Humanidade".
Mendonça disse que agora os evangélicos, cerca de 40% da população, serão representados por ele na Suprema Corte. Ele deu "glória a Deus" pela vitória na votação no Senado e agradeceu ao presidente Bolsonaro pela indicação e aos senadores pela confirmação. Afirmou, porém, que assumiu na sabatina, "compromissos com a nação".

No pronunciamento, Mendonça adotou tom mais voltado para a religião do que durante a sabatina, quando fez concessões e disse que vai seguir a Constituição. Segundo ele, apesar de suas convicções religiosas, vai defender o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e a equiparação da homofobia ao crime de racismo. Depois, porém, afirmou que deve "tudo de sua vida a Deus", inclusive o ato de respirar e pensar.

"Queremos dizer ao povo brasileiro que o povo evangélico tem ajudado esse País, quer trabalhar por esse País e fazer desse País uma grande nação, fazer da Justiça brasileira uma referência. Sei que virão decisões em que serei criticado, e merecerei por certo por vezes ser criticado, mas podem ter a certeza que tentarei fazer do meu País um País mais justo", disse.