Sari Corte Real estava responsável pelo pequeno Miguel, de 5 anos, quando ele caiu do nono andar de um prédio no Recife. Garoto era filho de sua empregadaReprodução / TV Globo

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) divulgou nesta segunda-feira, 6, as suas alegações finais na ação que julga Sarí Corte Real, acusada por abandono de incapaz. No dia 2 de junho do ano passado, a mulher deixou o menino Miguel, de 5 anos, sozinho no elevador do prédio de luxo, na área central do Recife. A ação foi protocolada na 1ª Vara dos Crimes Contra Criança e Adolescente da Capital.
Na manifestação, o MPPE faz o pedido para que a condenação se defina pelo crime de abandono de incapaz, qualificado pelo resultado morte. O promotor de justiça Humberto Graça, entendeu ainda que no caso existem circunstâncias agravantes, pelo fato de o crime ter sido cometido em momento de calamidade pública.
No dia em que a criança morreu, a creche que Miguel estudava estava fechada por conta da covid-19. Por isso, a mãe do menino, Mirtes Renata, precisou levar o filho até a casa de Sarí, onde trabalhava como empregada doméstica.
Caso seja condenada, Sarí pode pegar até 12 anos de prisão.
"Apenas pelas idades, dela e da criança, já seria natural esperar um comportamento diferente da acusada, pois naquele momento, não apenas convencer e demover a criança de seu intento seria o esperado, mas sim remover a criança do elevador e conduzi-la em segurança de volta ao interior do apartamento ou seguir com ela no elevador ao encontro da mãe. O que não poderia ter acontecido era o abandono da criança no interior de um elevador", diz o promotor de justiça.
O Ministério Público também não aceitou o fato de um adulto se sujeitar às vontades de uma criança que não tinha condições de seguir em um elevador desacompanhado, deixando-o conduzir a situação.
"Tratar, naquele momento, uma criança de apenas 5 anos, como uma pessoa maior, capaz, inclusive de entender os perigos a que estava sujeita, foi, no mínimo, imprudente e negligente da parte da acusada", diz a manifestação.
A mãe de Miguel afirmou que a manifestação do Ministério Público chega com a sensação de alívio e felicidade.
"Eu tenho muita esperança no coração e fé em Deus que vamos conseguir justiça, pois está explícito o crime que ela cometeu tanto nos autos, nos depoimentos das testemunhas, nas imagens e nos pareceres jurídicos apresentados. Agora está nas mãos do juiz e esperamos a finalização do processo com justiça", desabafa.
Após o pedido do MPPE, o processo segue para os assistentes de acusação, advogados de Mirtes, que entregaram as alegações finais na sexta-feira, 3. No documento, os advogados também disseram que a motivação do crime se deu por motivo fútil, "diante da impaciência para terminar os serviços das unhas, o que agrava a pena do crime".
Miguel subiu até o nono andar do prédio em que Sari morava e ao sair do elevador para a parte externa do prédio, o menino sofreu uma queda de aproximadamente 35 metros de altura. Nesse momento, Mirtes estava passeando com o animal da família durante alguns minutos.
O processo irá seguir para a manifestação da defesa de Sarí Corte Real e, logo após, vai para a decisão final do juiz.