Presidente Jair Bolsonaro (PL) ataca Doria em evento no Palácio do PlanaltoAlan Santos
'Teu estado é o cacete', dispara Bolsonaro sobre Doria exigir passaporte de vacinação
Presidente citou um projeto de lei aprovado em Rondônia que proíbe a exigência do comprovante de vacinação contra a covid-19 e citou o governador de São Paulo indiretamente
Brasília - O presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou nesta quinta-feira, 9, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), após ele afirmar que irá adotar o passaporte de vacinação para viajantes que chegarem pelos aeroportos e portos de São Paulo, caso a medida não seja implementada pelo governo federal até o dia 15.
Em um evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro citou um projeto de lei aprovado em Rondônia que proíbe a exigência do comprovante de vacinação contra a covid-19. Depois, o presidente citou "outro governador" do Sudeste.
"Vimos aprovar no dia de ontem, na Assembleia Legislativa de Rondônia, a proibição da exigência do passaporte vacinal. O governador Marcos [Rocha] vai agora decidir se ele vai sancionar ou vetar. Eu tenho certeza que ele vai sancionar. Enquanto, outro governador, aqui da região Sudeste, quer fazer o contrário e ameaça: ‘Ninguém vai entrar no meu estado se não estiver vacinado’. Teu estado é o cacete, porra. E nós todos temos que reagir. E reagir como? Protestando contra isso", disse ele.
Nesta quarta-feira, Doria anunciou que encaminhou ofício ao Ministério da Saúde pedindo que seja adotada uma "ação imediata" para a obrigatoriedade do comprovante de vacinação para os viajantes que chegam ao Brasil.
O governador afirmou, se a exigência não for implementada pelo governo federal nos aeroportos e portos até o dia 15 deste mês, será aplicada pela gestão paulista. No entanto, o governador não afirmou como poderá colocar a medida em vigor.
"Se até o dia 15 de dezembro o governo federal não adotar o passaporte, São Paulo vai adotar, sim, e vai exigir sim nos seus aeroportos internacionais. Isso é um direito que nos cabe, apesar de fisicamente ser propriedade do governo federal e administração da Infraero, mas o território do estado de São Paulo é de responsabilidade do governo do estado de São Paulo e o mesmo se aplica também para os portos. Esse procedimento será adotado pela nossa secretaria de Saúde e pelo nosso Programa Estadual de Imunização", afirmou o governador.
O governador afirmou que a iniciativa é validada pelo Comitê de Saúde do Estado e é um procedimento equivalente ao que outros países têm adotado. "Temos o maior porto da América Latina e o maior aeroporto da América do Sul. São Paulo é, portanto, a principal porta de entrada de estrangeiros no país. A medida foi corretamente recomendada pela Anvisa. Não há razão para o governo federal negar ou não avançar no passaporte vacinal, exceto se por razão política ou razão ideológica, porque razão de saúde, não há”, disse Doria.
Nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde publicou a Portaria 661 que traz mudanças na entrada de viajantes aéreos, brasileiros ou estrangeiros, no Brasil durante a pandemia. devem apresentar comprovante de vacinação completa com aplicação da última dose ou dose única, no mínimo, 14 dias antes do embarque, e teste RT-PCR negativo feito 72 horas antes do embarque ou teste negativo de antígeno realizado 24 horas antes. Caso não esteja imunizado, o passageiro terá de realizar quarentena de cinco dias no destino final da viagem, brecha criada pelo governo federal. A medida entra em vigor a partir deste sábado.
Os imunizantes devem ser aprovados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ou pelas autoridades do país em que o passageiro foi imunizado.
Ao final da quarentena, um novo teste RT-PCR ou antígeno será exigido. Caso o teste dê positivo, o viajante continuará em quarentena de acordo com os protocolos do Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde. Caso dê negativo, ele poderá circular normalmente pelo país.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.