Vacinação em menores não pode fugir de orientação da AnvisaDivulgação/Sergio Lima

Brasília - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou ao Ministério da Saúde que não irá participar da audiência pública, promovida pelo governo federal, para discutir sobre a vacinação contra a covid-19 de crianças entre 5 e 11 anos. A audiência está marcada para a manhã desta terça-feira, 4. O debate será na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Brasília.
Na justificativa para sua ausência na audiência, a Anvisa disse que já se manifestou oficialmente sobre a vacina para crianças. "A agência já emitiu seu posicionamento em relação ao tema 'vacinação contra a covid-19 em crianças de 5 a 11 anos', o qual se encontra público e disponibilizado às diversas autoridades médicas, sociedade e a este Douto Ministério da Saúde", afirmou. 
A Anvisa lembrou que a aprovação veio após uma análise técnica criteriosa de dados e estudos clínicos conduzidos pelo laboratório Pfizer, no qual se atestou que a vacina é segura e eficaz para o público infantil.
"Para a avaliação da ampliação da faixa etária dessa vacina, a agência contou com a consulta e o acompanhamento de um grupo de especialistas em pediatria e imunologia que teve acesso aos dados dos estudos e resultados apresentados pelo laboratório", afirmou. 
Participaram da avaliação especialistas da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
"Por fim, a Anvisa, por seu caráter técnico, visualiza que sua participação na audiência pública não agregaria novos elementos à temática", finalizou a agência. 
Vacinação de crianças
A Anvisa aprovou, no dia 16 de dezembro, o uso da vacina da Pfizer contra a covid-19 para crianças entre 5 e 11 anos. No entanto, o governo criou barreiras para iniciar a imunização, afirmando que não há urgência e que a autorização da agência não é suficiente para iniciar a vacinação. Marcelo Queiroga afirmou que seria necessário ouvir a sociedade civil e especialistas sobre a aplicação do imunizante, mesmo tendo sido aprovado no órgão regulador brasileiro.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) já fez várias críticas sobre a vacinação das crianças. Ele acredita haver uma "desconfiança" e "interrogação enorme" em relação aos supostos efeitos colaterais na aplicação dos imunizantes nessa faixa etária. Em um episódio, ele afirmou que iria divulgar os nomes dos técnicos da Anvisa que aprovaram o uso da vacina da Pfizer para crianças. Ele disse que pediu a lista de forma "extra-oficial" para que "todos tomem conhecimento" dos responsáveis pela aprovação.
"Anvisa diz que os pais sejam orientados a procurar médico se a criança apresentar dores repentinas, falta de ar. Vocês têm o direito de saber o nome das pessoas que aprovaram a vacina a partir de 5 anos para seus filhos. Você decide se compensa ou não", disse Bolsonaro. O presidente disse também que não irá vacinar a filha, Laura, que tem 11 anos.
Diante dos impasses, o ministro da Saúde disse que a pasta iria realizar uma consulta pública sobre o tema, que durou do dia 23 de dezembro até o domingo, 2, sobre a imunização da faixa etária. Queiroga também disse que as crianças precisariam de prescrição médica para a aplicação do imunizante. Especialistas fizeram várias críticas sobre a consulta pública e a necessidade de documento para a vacinação, além da autorização dos pais.
O ministro da Saúde disse que só teria um posicionamento final sobre o tema em 5 de janeiro, após a audiência pública desta terça-feira, 4.