Presidente do PSD, Gilberto Kassab Divulgação
Kassab afirma que não é 'impossível' uma aliança com Lula no primeiro turno
Contudo, reafirmou que o PSD deve ter candidatura própria ao Palácio do Planalto
Em meio à ofensiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para conseguir o apoio do PSD à sua candidatura à Presidência da República, o ex-prefeito Gilberto Kassab, que comanda o partido, disse que uma aliança com o PT no primeiro turno da eleição "não é impossível". Ele, contudo, reafirmou que a sigla deve ter candidatura própria ao Palácio do Planalto e reforçou convite ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG).
"Nós temos alguns companheiros que são aliados do PT", disse Kassab nesta quarta-feira, 9, durante evento de filiação do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, ao PSD. "Em respeito a esses companheiros, eu não posso dizer que é impossível que a gente tenha uma aliança no primeiro turno. Não posso dizer que a chance não existe, mas posso dizer que é praticamente certo que nós vamos ter uma participação no primeiro turno com candidatura própria."
Kassab confirmou que teve um encontro com Lula na segunda-feira, 7, em São Paulo. De acordo com o ex-prefeito, o convite partiu do petista e a conversa se deu em torno da conjuntura política, mas não envolveu uma possível aliança na eleição.
"Foi uma conversa rotineira. Todos sabem que o PSD e o PT têm uma relação e um diálogo bastante antigo. Esse diálogo continua", disse Kassab. "O presidente sabe, e o PT sabe, que teremos candidatura própria à Presidência da República. Nós temos a expectativa de estarmos no segundo turno com nosso candidato e, se estivermos, queremos contar com o apoio do PT", afirmou.
Na segunda-feira, 7, Ramos, agora filiado ao PSD, disse que o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) poderia dar "equilíbrio" e "moderação" à candidatura de Lula à Presidência. O ex-tucano é cotado para concorrer como vice do petista. A declaração do vice-presidente da Câmara ocorreu no momento em que Lula faz uma ofensiva para atrair o apoio do partido comandado por Kassab ainda no primeiro turno.
Antes de avançar nas negociações com Lula, Alckmin chegou a ser convidado para se filiar ao PSD, mas Kassab queria que ele concorresse ao Governo de SP. Lideranças petistas avaliam que ainda há a possibilidade de o ex-tucano migrar para o partido de Kassab, só que para ser vice na chapa petista ao Planalto.
A ideia inicial era que Alckmin se filiasse ao PSB para ser vice de Lula, mas o acordo esbarrou nas dificuldades para se fechar a federação partidária que pode unir PT, PSB e outras legendas de esquerda devido ao impasse entre petistas e socialistas em São Paulo.
A federação partidária cria uma "fusão temporária" entre os partidos que precisa durar pelo menos quatro anos, desde as eleições até o final do mandato seguinte, o que pressupõe candidatura única a cargos majoritários como o de governador. Em SP, o PT quer lançar o ex-prefeito Fernando Haddad, mas o PSB não abre mão da candidatura do ex-governador Márcio França.
Entre petistas também há a avaliação de que o próprio Kassab queria ser vice de Lula, mas teria "perdido o timing" com o avanço das negociações do ex-presidente com Alckmin.
Possibilidades
Gilberto Kassab, afirmou que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), pode ser candidato ao Palácio do Planalto pelo partido, caso o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), decida não entrar na disputa. O gaúcho, que perdeu as prévias tucanas para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), foi convidado para se filiar ao PSD.
"Pode ser Eduardo Leite, sim. Ele tem condições, tem pré-requisitos para ser candidato, é jovem, é respeitado, já mostrou que tem vontade de ser presidente da República, tem uma aliança com o PSD em seu Estado, o Rio Grande do Sul", afirmou Kassab nesta quarta-feira, 9, durante evento de filiação do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, ao PSD.
Segundo o ex-prefeito de São Paulo, há uma expectativa de que o candidato do partido à Presidência tenha "independência" em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PL). "Nós não iremos caminhar com esse governo. Então, o Eduardo, assim como o Rodrigo, tem essa posição", afirmou.
O PSD aposta na candidatura de Pacheco ao Palácio do Planalto, mas, como mostrou o Estadão/Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o senador avalia desistir da corrida presidencial e focar na eleição para o comando do Senado em fevereiro de 2023.
Durante o evento de filiação de Ramos, Kassab disse que Pacheco tem "cara de presidente da República", mas o senador reiterou que nunca falou em pré-candidatura à Presidência.
"O partido tem a legítima pretensão de eu ser candidato a presidente e fico muito lisonjeado e muito honrado do partido sempre lembrar do meu nome, mas não há uma pré-candidatura formalizada", disse Pacheco na filiação.
De acordo com Kassab, o prazo para que o presidente do Senado tome uma decisão é o fim da janela partidária, no começo de abril. "Eu, pessoalmente, torço muito para que ele aceite esse convite para ser candidato, porque, realmente, ele está à altura da disputa, irá qualificar a disputa e pode vencer as eleições "
Enquanto isso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta atrair o apoio do PSD para sua candidatura à Presidência no primeiro turno. No evento de filiação de Ramos, Kassab disse que se reuniu com o petista na segunda-feira, 7, e evitou descartar uma aliança com o PT já na primeira etapa da eleição.
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