Fiocruz alerta que difusão de notícias falsas dificulta a vacinação infantilDivulgação

Rio - Em nota técnica divulgada nesta quarta-feira, 16, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou que a difusão de notícias falsas tem provocado resistência sobre a eficácia e segurança da vacina contra a covid-19 no público infantil. De acordo com o Observatório Covid-19 Fiocruz, esse processo provoca uma lentidão na cobertura vacinal de primeira dose das crianças, em contexto preocupante, de retorno das atividades escolares.
O documento destaca a necessidade de acelerar a distribuição de vacinas para todas as Unidades da Federação e fortalecer uma rede colaborativa que faça esclarecimentos sobre a vacina junto à população. Até porque, em um cenário em que apenas este grupo não está imunizado, ele se torna particularmente vulnerável à infecção e à disseminação do vírus, inclusive entre outros grupos etários.
Os pesquisadores citam também que o crescente movimento antivacina possui contorno diferente daquele observado em outros países. "Trata-se aqui de um receio seletivo para a vacina contra a Covid-19. Mais do que nunca, cabe o devido esclarecimento à sociedade civil, com linguagem simples e acessível sobre a importância, efetividade e segurança das vacinas, envolvendo a responsabilidade de todos os níveis de gestão da saúde no país", pontuam.
Discrepância entre Unidades Federativas

Os dados apresentados pelo Observatório Covid-19 Fiocruz apontam que a heterogeneidade entre estados e capitais é notável: todos os estados da região norte do país encontram-se abaixo da média nacional. Entre as Unidades Federativas, apenas sete possuem cobertura de primeira dose maior que a média nacional (21%): Rio Grande do Norte (32,6%), Sergipe (23,9%), Espírito Santo (21,9%), São Paulo (28,1%), Paraná (28,6%), Rio Grande do Sul (23,2%) e o Distrito Federal (34,6%).

O pior desempenho está no Amapá, com apenas 5,3% da população na faixa etária entre 5 e 11 anos vacinada. Onze capitais estão abaixo da marca do país: Macapá (1,6%), Boa Vista (20,6%), Rio Branco (6,9%), Porto Velho (16%), Teresina (8,4%), João Pessoa (15,8%), Recife (1,9%), Belo Horizonte (18,4%), Campo Grande (1,6%) e Cuiabá (15,7%).

Indicadores sociodemográficos

A Nota Técnica mostra também que a cobertura vacinal de primeira dose é diretamente proporcional e maior nos estados onde a expectativa de vida ao nascer e o IDH são também maiores. Ao contrário disso, a cobertura vacinal de primeira dose é menor onde há maior desigualdade de renda, pobreza e internações por condições sensíveis à atenção primária.
Além disso, a cobertura vacinal de primeira dose possui relação inversa com a proporção de crianças na faixa etária elegível. Nos locais em que a proporção de crianças de 5 a 11 anos é maior, há menor cobertura vacinal de primeira dose contra a Covid-19 para este grupo.