Arthur do ValReprodução

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 8, Dia Internacional da Mulher, uma moção de repúdio ao deputado estadual Arthur do Val (sem partido) por suas declarações sexistas sobre as mulheres ucranianas. O requerimento, de autoria da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e de outros 11 parlamentares, recebeu voto favorável de todos os partidos com representação na Casa.
Até mesmo o Podemos, partido ao qual Do Val estava filiado há cerca de 30 dias, votou a favor da moção de repúdio. O vice-líder da legenda na Câmara, deputado José Nelton (GO), destacou que o partido já não tem o ex-membro do Movimento Brasil Livre (MBL) como um de seus quadros. "Ele já não pertence mais ao nosso partido, mandamos toda a nossa solidariedade às mulheres ucranianas que estão sofrendo com essa guerra terrível e também a todas as mulheres do nosso país", disse.
A coordenadora da bancada feminina da Câmara, deputada Celina Leão (PP-DF), ressaltou o fato de a moção ter sido analisada em uma "data simbólica" e disse considerar que a postura do parlamentar paulista fez mal à imagem do Brasil. "São atos de um parlamentar que deveria defender toda a sociedade e nos envergonha internacionalmente", afirmou.
Arthur do Val, também conhecido como "Mamãe Falei", viajou à fronteira da Ucrânia sob a justificativa de acompanhar "in loco" o conflito daquele país com a Rússia. Na última sexta-feira, 4, vazaram áudios do parlamentar classificando as mulheres daquela região como "fáceis por serem pobres" e comparando a fila de refugiadas à entrada de uma balada.
Após a divulgação dos áudios, o deputado tornou-se alvo de um processo disciplinar no Podemos que poderia levar à sua expulsão da legenda - em seguida, ele próprio solicitou sua desfiliação. Também perdeu espaço no palanque do pré-candidato à Presidência Sérgio Moro, do mesmo partido, que repudiou suas falas e se negou a apoiá-lo nas eleições. Além disso, 40 deputados pedem sua cassação no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O parlamentar, por sua vez, pediu desculpas, se afastou do MBL e retirou sua pré-candidatura ao Palácio dos Bandeirantes.
Em carta divulgada na terça-feira, o deputado pediu novamente desculpas pelo ocorrido, afirmou ter sido "machista, desrespeitoso e imaturo" e disse que aceita sofrer punição, embora discorde que mereça ter o mandato cassado por quebra de decoro.