Angélica Rodrigues morreu depois de ter 85% do corpo queimado enquanto cozinhava com álcoolG1

São Paulo - Uma mulher de 26 anos morreu em São Vicente, litoral de São Paulo, após ter 85% do corpo queimado enquanto cozinhava com álcool. Angélica Rodrigues, que estava há quase duas semanas à espera de uma transferência para um hospital de referência no caso, veio a óbito na quarta-feira, 6, durante a preparação para a cirurgia de retirada da pele morta.
“Ela sofreu queimaduras cozinhando em álcool. Achou que a chama do potinho tinha acabado, virou o galão de álcool, o fogo veio para cima do galão e pegou no corpo dela. Ela se assustou, sacudiu o galão, e foi para o corpo dela todo", contou Silvia Regina dos Santos, mãe da vítima, ao G1.
Angélica foi socorrida e levada ao Hospital Municipal I, antigo CREI, de São Vicente, onde recebeu os primeiros socorros. No entanto, devido à gravidade dos ferimentos, ela precisou de uma transferência para um hospital de referência em queimaduras, algo que só aconteceu depois de quase duas semanas do acidente, segundo a família.
"Em São Vicente não tinha hospital especializado, e depois de tanto corrermos atrás que saiu a vaga para o hospital especializado. Mas, houve negligência, porque ela ficou duas semanas no Crei antes de conseguir a vaga, demorou para sair essa vaga", afirmou a tia da vítima, Thamires da Silva, ao mesmo portal de notícias.
Angélica foi transferida para o Hospital Geral Vila Penteado, na cidade de São Paulo, onde morreu à espera da cirurgia.
A tia da vítima relata que a família enfrentou dificuldades para levar o corpo de volta a São Vicente antes do município oferecer ajuda. A família está organizando o velório de Angélica.
"Ela não tinha dinheiro para comprar o gás, com o aumento do preço ainda, a única maneira que ela conseguiu foi cozinhar com álcool", disse Thamires.
Em nota ao G1, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo afirmou que o caso da paciente foi monitorado pela Central de Regulação de Oferta e Serviços da Saúde (Cross), responsável por buscar vagas em serviços de referência.
O órgão também disse que além da oferta disponibilidade de vagas, a transferência de um paciente depende de quadro clínico estável que permita o deslocamento a outro serviço de saúde em segurança.
Além disso, a pasta afirmou que a Cross é apenas um serviço intermediário entre os serviços de origem e de referência, que funciona 24 horas por dia, e, por isso, não nega vagas. De acordo com a secretaria, o papel da Cross não é criar leitos, e sim ajudar na identificação de uma vaga no hospital mais próximo e apto a cuidar do caso.
Já a Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria da Saúde (Sesau), afirmou que as equipes técnicas aplicaram todos os cuidados necessários enquanto Angélica aguardava a liberação de vaga.