João Doria se pronuncia sobre corrida presidencialReprodução

O ex-governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à Presidência, João Doria, age para reconstruir pontes com a bancada do partido na Câmara e reduzir danos decorrentes do rompimento com o presidente da própria legenda, Bruno Araújo. Enquanto o paulista busca amenizar os atritos internos, o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite busca apoios fora do PSDB, o que mostra que o partido tem explicitamente um pré-candidato oficial e outro paralelo.
O gaúcho vai se reunir nesta terça-feira, 19, em São Paulo, com o ex-presidente Michel Temer (MDB), no momento em que intensifica uma campanha alternativa para se viabilizar como opção dos partidos de centro.
"A condição de pré-candidato do João (Doria) é fato consumado. Vamos ampliar o diálogo com Brasília e outros Estados, além de viajar o País", disse Marco Vinholi, presidente do PSDB em São Paulo e novo coordenador da pré-campanha de Doria ao Planalto.
Após um feriado tenso, quando apoiadores de Doria fizeram uma ofensiva nas redes sociais com a hashtag #renunciaBrunoAraujo, Vinholi adotou um tom conciliador e declarou que pretende repactuar a relação com o dirigente máximo do PSDB. Araújo e Doria conversaram ontem. Ficou acertado que Araújo cuidará da candidatura única da terceira via, no que cabe ao PSDB, e o ex-governador paulista seguirá em pré-campanha.
Com o novo cargo, Vinholi terá também um lugar na mesa da terceira via. O colegiado reúne, além de Araújo e dos próprios pré-candidatos, os presidentes do MDB, Baleia Rossi; do União Brasil, Luciano Bivar; e do Cidadania, Roberto Freire. O grupo vai começar nesta semana a discutir os critérios para a escolha do candidato único da chamada terceira via. Pelo calendário dos partidos, o martelo será batido no dia 18 de maio.
Sondagem
O grupo de Doria defende a contratação de uma pesquisa quantitativa pelos partidos para definir o nome com mais intenções de voto. Enquanto o PSDB enfrenta mais uma disputa interna, a senadora Simone Tebet (MS) avança na construção de um consenso em torno de seu nome no MDB.
Em conversas reservadas, emedebistas resistem ao nome de Doria e não descartam uma chapa Simone-Leite, mas admitem que Bivar teria a prerrogativa de escolher o vice, sendo ele próprio pré-candidato.
No comitê da pré-campanha de Doria, a avaliação é de que o ex-governador tem hoje na sua retaguarda três parlamentares influentes na bancada tucana: os deputados Nilson Pinto (PA), Ezequiel Ferreira (RN) e o líder Adolfo Viana (BA). Já Leite tem o apoio de Aécio Neves (MG), José Aníbal (SP) e Tasso Jereissati (CE), todos influentes na executiva do PSDB.
Os tucanos paulistas também apostam nas inserções do partido na TV, marcadas para o próximo dia 26, que terão Doria como protagonista.
Mesmo assim, Leite tenta ainda se viabilizar, apesar de derrotado para Doria nas prévias do ano passado. Nesta segunda, 18, o gaúcho se encontrou com o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, em São Paulo. Hoje, além do encontro com Temer, está prevista uma reunião com Raquel Lyra, pré-candidata do PSDB ao governo de Pernambuco. No dia 20, deve iniciar um giro pelo Brasil.
O roteiro do ex-governador gaúcho vai começar pelo Ceará, Estado de Tasso Jereissati, seu aliado. Em seguida, Eduardo Leite passará por Pernambuco - Estado de Araújo -, Rio, onde Rodrigo Maia comanda a sigla, e Mato Grosso do Sul.
"Eduardo hoje é uma liderança nacional do PSDB, portanto é legítimo que rode o País, principalmente neste momento em que a candidatura do Doria sofre tanta resistência", disse Orlando Faria, um dos articuladores do grupo do ex-governador do Rio Grande do Sul.