Milton foi homem de confiança de BolsonaroPR
Antes da prisão de Milton Ribeiro, Bolsonaro disse que 'colocava a cara no fogo' pelo então ministro
'Minha cara toda no fogo pelo Milton', disse Bolsonaro em uma live nas redes sociais
Preso nesta quarta-feira, 22, alvo da operação da Polícia Federal contra corrupção no Ministério da Educação (MEC), o ex-chefe da pasta, Milton Ribeiro, era homem de confiança do presidente Jair Bolsonaro. Pouco depois da divulgação do escândalo, que envolvia tráfico de influência e pagamento de propina, o presidente da República chegou a dizer que colocava a "cara no fogo" pelo investigado.
"O Milton, coisa rara de eu falar aqui: eu boto minha cara no fogo pelo Milton", afirmou Bolsonaro, durante uma transmissão ao vivo pelas redes sociais. E repetiu: "Minha cara toda no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia contra ele ". Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle, são muito próximos a Ribeiro. Dias depois da declaração, Milton encaminhou uma carta de demissão ao governo, no dia 28 de março.
Investigação
A investigação da PF apura se houve favorecimento aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura por parte do ministro, e a atuação em um gabinete paralelo dos líderes religiosos que administrariam, informalmente, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Em um áudio vazado, Ribeiro admitiu que as verbas eram repassadas a pedido de Gilmar e que todo o esquema acontecia com o consentimento do presidente Jair Bolsonaro.
Esquema
Os pastores levavam prefeitos para reuniões com o ministro e, dias depois, os pleitos eram contemplados. Ao menos R$ 9,7 milhões foram pagos ou empenhados após agendas solicitadas pelos religiosos da igreja Cristo para Todos, um ramo da Assembleia de Deus, com sede em Goiânia. Somente em termos de compromisso foram firmados R$ 160 milhões em dezembro por interferência direta dos pastores. Para advogados, a atuação dos pastores pode configurar crime de tráfico de influência e de usurpação de função pública.
Os pastores também já tiveram acesso ao Palácio do Planalto, sendo recebidos pelo menos duas vezes pelo presidente Jair Bolsonaro. As portas do governo foram abertas aos dois religiosos pelo deputado João Campos (Republicanos-GO), que é pastor da Assembleia de Deus Ministério Vila Nova, ligado à convenção de Madureira.
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