Reunião da Comissão Mista de Orçamento conseguiu garantir a obrigatoriedade no pagamento da verba de relator em 2023 Roque de Sá/Agência Senado Fonte: Agência Câmara de Notícias
Comissão Mista aprova pagamento obrigatório de orçamento secreto em 2023
Votação do relatório final da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foi aprovado com votos contrários do PT
Brasília - A Comissão Mista de Orçamento (CMO) concluiu a votação do relatório final da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023, que determina as metas e prioridades para os gastos públicos do ano que vem e oferece os parâmetros para a elaboração do projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2023. O texto foi aprovado com votos contrários do PT, do deputado Marcel Van Hattem (Novo) e da senadora Zenaide Maia (Pros-RN). O texto será analisado agora pelo Congresso Nacional.
O substitutivo aprovado, de autoria do senador Marcos do Val (Podemos-ES), relator da LDO 2023, autoriza a reestruturação e recomposição salarial da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Penitenciária, além das polícias Civil e Militar e bombeiros militares do Distrito Federal - categoria que faz parte da base eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL). Além disso, o texto também permite o aumento do teto de gastos, estimado em R$ 1,711 trilhão, com a adoção de um índice de inflação mais atualizado.
Após a aprovação do texto base do relatório, parlamentares tentaram derrubar o mecanismo previsto na LDO 2023 que determina a imposição das emendas de relator, as RP-9, ao orçamento - ou seja, torna as emendas uma despesa obrigatória, para as quais terão que ser reservados recursos pelo governo.
O autor do destaque que tentou tirar o mecanismo do texto, deputado Enio Verri (PT-PR), acusou o mecanismo das emendas de prejudicar a relação entre os Poderes. "O Executivo tem menos recursos para fazer políticas nacionais e distribui o dinheiro ao Congresso Nacional para fazer políticas locais. A soma das partes não dá o todo", disse. "Precisamos pensar em políticas nacionais a partir do Executivo. Isso não ajuda o desenvolvimento do País", completou.
Já para a deputada Adriana Ventura (Novo-SP), a distribuição de recursos por meio das RP-9 funciona como "um balcão de negócios e alimenta currais eleitorais", criticou. "Querer colocar emenda de relator como impositiva é no mínimo desrespeito com o que nós temos de mais importante no nosso País", completou.
"Pelo mundo afora você encontra emenda individual, quase todo o mundo tem, e o Congresso é legítimo em fazer isso. Emenda de bancada, que é uma questão mais estrutural do orçamento, também a gente consegue encontrar. Agora, a emenda de relator é uma questão que precisa amadurecer mais um pouco, sobretudo porque a gente não sabe como será devidamente consignado", disse o deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE), ao pedir a retirada do mecanismo do texto.
O relator, senador Marcos do Val, manteve as emendas RP-9 e previu que se tornem despesas impositivas. Em defesa pela manutenção da imposição das emendas, o relator afirmou que a distribuição de recursos por meio das emendas terá mais controle a partir de agora. "De fato, R$ 19 bilhões é muito para uma pessoa só controlar, mas, a partir de agora, o presidente da CMO também poderá fazer indicações das emendas de relator-geral", disse o parlamentar.
As emendas RP-9 compõem o orçamento secreto revelado no ano passado pelo Estadão. Até então, apenas o relator da LOA tinha essa prerrogativa. "O fato de eu rejeitar [o destaque] não tem nada a ver comigo, não vai ter nada secreto daqui para frente. Agora o critério eu concordo, vamos achar uma maneira de criar o critério democraticamente", disse Do Val.
Neste ano, foram aprovados R$ 16,5 bilhões em emendas de relator-geral, sendo que R$ 5,8 bilhões já foram empenhados. Para 2023, o valor deve atingir R$ 19 bilhões.
Além disso, o destaque para impedir o pagamento das chamadas "emendas PIX", mecanismo revelado pelo Estadão que repassa recursos a prefeitos e governadores sem transparência e fiscalização federal, também foi rejeitado.
Contingenciamento na educação
Os parlamentares aprovaram um destaque de autoria do deputado Kim Kataguiri (União-SP) que proíbe o contingenciamento pelo governo de recursos para o ensino superior. "Se o Congresso aprovou no orçamento recursos para gastos com a educação, o governo precisa utilizá-lo", defendeu.
Na prática, as despesas custeadas com receitas próprias, de convênios e de doações obtidas pelas instituições federais de ensino superior e pelos institutos federais de educação, ciência e tecnologia não serão consideradas para fins de apuração do montante destinados a essas instituições, nem de limitação de empenho e movimentação financeira.
Com a aprovação do texto, o próximo passo será a votação no plenário do Congresso antes do recesso parlamentar, que começa no dia 17 de julho.
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