Cardeal Dom Cláudio HummesReprodução/Vatican News

São Paulo - Foi enterrado, na manhã desta quarta-feira (6), na cripta da Catedral Metropolitana de São Paulo, a Catedral da Sé, o corpo de dom Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo. A cerimônia foi aberta apenas para familiares, amigos e autoridades. A cripta, que fica sete metros abaixo do piso do altar, abriga restos mortais de personagens importantes da história da cidade.
Hummes tinha 87 anos e tratava um câncer no pulmão. A morte foi informada na última segunda-feira (4) pelo Cardeal dom Odilo Scherer, Arcebispo de São Paulo. 
O arcebispo emérito de São Paulo trabalhou em prol dos povos indígenas da Amazônia, dos pobres e das vítimas de mudanças climáticas. Em 1979, durante a ditadura militar, a atuação social e política de dom Cláudio foi um dos destaques da chamada ala progressista da Igreja Católica. Naquele ano, o então bispo do município de Santo André (SP) apoiou os movimentos grevistas do ABC Paulista e lutou contra os crimes cometidos pelos governos militares.

Na Santa Sé, dom Cláudio participou dos conclaves de 2005, que elegeu Joseph Aloisius Ratzinger - o Papa Bento XVI-, e de 2013, que escolheu o atual pontífice da Igreja Católica, Jorge Mario Bergoglio, Papa Francisco. No último conclave, dom Cláudio teve papel fundamental. "Ao meu lado, nas eleições, estava o arcebispo emérito de São Paulo e prefeito emérito da Congregação para o Clero, cardeal Cláudio Hummes, um grande amigo. Quando a situação ficava um pouco perigosa, ele me consolava. Quando os votos chegaram aos dois terços, começaram a aplaudir, porque o papa tinha sido eleito. E ele me abraçou, me beijou e disse: ‘Não se esqueça dos pobres’. E aquela palavra entrou na minha cabeça: os pobres. Pensei em Francisco de Assis”, contou o Papa Francisco em 2013.
Nascido em Salvador do Sul (RS) em 8 de agosto de 1934, Dom Cláudio iniciou a vida religiosa aos 17 anos, quando entrou na Ordem dos Frades Menores - franciscanos - onde permaneceu ativo até março deste ano, quando renunciou ao cargo de presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama) devido ao câncer. Ele também foi presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia.
Além disso, Dom Cláudio foi bispo diocesano de Santo André (SP), arcebispo de Fortaleza e de São Paulo, além de integrar o Colégio Cardinalício formado pelo Papa São João Paulo II no Consistório de 21 de fevereiro de 2001. No período de 2006 a 2011, em Roma, trabalhou como prefeito da Congregação para o Clero ao lado do Papa Bento XVI.