Gleisi Hoffmann Jefferson Rudy/Ag. Senado

São Paulo - A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que está descartado o diálogo com a campanha do presidente Jair Bolsonaro em busca da pacificação da campanha eleitoral, após ocorrências policiais em palanques do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o assassinato do tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda. A hipótese de uma conversa com o adversário havia sido levantada pelo presidente do Solidariedade, Paulinho da Força.
"Isso seria ridículo, né? Porque a campanha dele que está fazendo todo o movimento de ódio. Ele que está instalando", disse ao ser questionada sobre o tema. "Qualquer mediação disso é uma coisa que não tem como a gente fazer", disse.
A declaração de Gleisi foi feita após uma reunião de petistas com aliados da coordenação da campanha de Lula, que contou com a presença do ex-presidente e do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice.
O encontro tinha como tema principal a mobilização da campanha petista, e estava marcado desde a semana passada. No entanto, o assassinato de Navarro incluiu a segurança na pauta. Logo no início, os integrantes fizeram um minuto de silêncio em homenagem ao ex-tesoureiro. A fala de abertura de Gleisi na reunião, que foi fechada, mencionou a abertura de uma "guerra suja" aberta pelo bolsonarismo.
Primeiro a sair do encontro com petistas em um hotel em São Paulo, Paulinho da Força relatou ter conversado com interlocutores do presidente Jair Bolsonaro para tentar fazer um pacto por uma eleição pacífica. "Eu sugeri que pudéssemos falar com pessoas que estão próximas do Bolsonaro para ver se é possível uma campanha pacífica e democrática", disse Paulinho. Ele disse ainda ter ouvido de uma pessoa próxima do presidente: "Você não vai imaginar um Bolsonaro paz e amor, né?". Para o presidente do Solidariedade, Bolsonaro faz o oposto "incentiva a violência."
Ao fim da reunião, ficou definido que o PT faria um pedido à Procuradoria-Geral da República para que a investigação sobre a morte de Marcelo Arruda fosse federalizada, e passasse para as mãos da Polícia Federal.
Apesar de ser uma preocupação da campanha, petistas deixaram a reunião afirmando que não trataram sobre reforços e mudanças na segurança do ex-presidente Lula. A eleição foi marcada por ocorrências envolvendo palanques do petista. Na última semana, foi preso Rodrigo Luiz Parreira, suspeito de operar um drone que despejou um líquido em petistas em Uberlândia. No Rio, André Stefano Brito foi preso após lançar uma bomba caseira em um evento de Lula na semana passada.
O partido também deve pressionar o Tribunal Superior Eleitoral para que intensifique campanhas e medidas contra a violência nas eleições. À Corte, petistas devem levar um memorial da violência política, produzido pelo partido em fevereiro, que enumera uma série de crimes políticos desde março de 2018, mês em que foi executada a tiros a vereadora Marielle Franco (PSOL). O documento servirá de base para petistas afirmarem à corte que há uma escalada de violência contra a esquerda no País.
"Entendemos que cabe ao TSE, bem como ao Supremo Tribunal Federal e às autoridades responsáveis pela segurança pública tomar iniciativas que garantam eleições livres e pacíficas, coibindo agressões e violência, como as que o bolsonarismo vem praticando", afirmaram, por meio de uma nota divulgada nesta segunda, 11, o PCdoB, o PSB, o PSOL, o PT, o PV, a Rede e o Solidariedade.