Alexandre de Moraes prorrogou pela quarta vez o inquérito das milícias digitaisDivulgação

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, prorrogou até o primeiro turno das eleições o inquérito das milícias digitais. Ele deu prazo à Polícia Federal para que novas diligências sejam executadas até o dia 6 de outubro. O pleito ocorre no dia 2. Trata-se da quarta prorrogação do inquérito.
Em despacho assinado na última quarta-feira, 6, Alexandre de Moraes citou a "necessidade de prosseguimento das investigações e a existência de diligências em andamento" e prorrogou a investigação por mais 90 dias.
O inquérito foi aberto em julho de 2021, na esteira do arquivamento do inquérito dos atos antidemocráticos. A apuração se debruça sobre suposta organização criminosa, "de forte atuação digital, com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito".
Quando determinou a abertura da apuração, Alexandre de Moraes destacou que os métodos e núcleos estruturados — produção, divulgação, político e financeiro — observados no inquérito dos atos antidemocráticos eram "absolutamente semelhantes" àqueles identificados no inquérito das fake news.
Em fevereiro, após a segunda prorrogação do inquérito, o presidente Jair Bolsonaro entrou na mira da dos investigadores, com o compartilhamento de provas do inquérito sobre o vazamento de uma investigação sigilosa da Polícia Federal pelo chefe do Executivo com a apuração sobre as milícias digitais.
Também em fevereiro, PF apresentou um relatório parcial das investigações, apontando a "atuação orquestrada" de aliados e apoiadores do governo para promover desinformação e ataques contra adversários e instituições com objetivo de "obter vantagens para o próprio grupo ideológico e auferir lucros diretos ou indiretos por canais diversos" — usando para isso até mesmo a estrutura do chamado "gabinete do ódio".
Sobre o presidente, investigado formalmente no inquérito, o documento relacionou os indícios levantados por outras duas investigações em andamento, o que na avaliação da PF revela "semelhança no modo de agir" e "aderência ao escopo descrito na hipótese criminal". Na ocasião, a delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro assinalou que a atuação de Bolsonaro é similar à das chamadas "milícias digitais".