Procurador geral da República, Augusto ArasAgência Senado
Publicada no canal do Youtube de Aras, a gravação é uma coletânea de declarações dadas pelo chefe do Ministério Público Federal a "representantes da imprensa estrangeira" sobre o que o PGR chama de "temas de interesse a toda população".
Antes dos cinco minutos de falas do PGR serem reproduzidas, o vídeo registra que "as instituições existem para intermediar e conciliar os sagrados interesses do povo, reduzindo a complexidade das relações entre governantes e governados".
Em um dos trechos reproduzidos na gravação, Aras afirma: "Não aceitamos alegação de fraude porque temos um sucesso da urna eletrônica há muitos anos. Especialmente no que toca à lisura dos pleitos".
Sobre discurso de ódio, o PGR diz que a "polarização no Brasil não é diferente de outros países. "Nós entendemos que a democracia é o movimento dos 'contrários' e passa por uma tensão permanente. Uma democracia se revela mais pujante, mais forte, na medida que ela consegue resistir com suas instituições a essa pressão contínua. Nos temos as nossas instituições funcionando", afirmou o PGR.
A menção às urnas eletrônicas no vídeo divulgado por Aras é breve. Boa parte do vídeo é dedicada a falas em o PGR comenta a atuação do órgão diante dos atos antidemocráticos que marcaram o feriado do 7 de setembro de 2021. O procurador-geral da República chega a dizer que sua gestão "não faz escândalo" e respeita o devido processo legal.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República, o encontro de Aras com os jornalistas de veículos estrangeiros ocorreu no último dia 11, uma semana antes da reunião em que Bolsonaro, diante de diplomatas, voltou a alegar, sem provas, supostas fraudes nas eleições, a menos de três meses do pleito deste ano. O chefe do MPF está de férias.
Dentro do Ministério Público Federal, a conduta de Bolsonaro gerou "repulsa", sendo que a movimentação interna do órgão acabou pressionando o PGR. A principal entidade da classe, a Associação Nacional de Procuradores da República, afirmou que o "atentado em curso ao processo democrático é uma afronta ao país e aos seus cidadãos".
Procuradores dos Direitos do Cidadão em todo país acionaram a Procuradoria-Geral Eleitoral - chefiada por Aras - com uma representação por ilícito eleitoral. Além disso, um grupo de mais de 30 subprocuradores-gerais - ao todo são 71 - alertou que configura crime de responsabilidade "utilizar o poder federal para impedir a livre execução da lei eleitoral".
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