Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, e o ministro do Interior da Guiana, Robeson Benn, durante a 15ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas (CDMA), em BrasíliaEVARISTO SA / AFP

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, declarou que a América está unida pela "devoção à democracia" e defendeu que as forças armadas estejam sob "firme controle civil", durante um discurso em Brasília nesta terça-feira, 26.
Austin falou na XV Conferência de Ministros da Defesa das Américas (CMDA), realizada em Brasília, poucos dias após o presidente Jair Bolsonaro (PL) lançar sua candidatura à reeleição com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Justiça Eleitoral, e mais uma vez questionar a confiabilidade do sistema de urnas eletrônicas de seu país perante os embaixadores estrangeiros.
"Como já disse o presidente (Joe) Biden, a democracia é a marca registrada das Américas. E acreditamos que todo o Hemisfério Ocidental pode ser seguro, próspero e democrático. (..) Estamos unidos por nosso compromisso com o Estado de Direito e nossa devoção à democracia", garantiu o secretário americano, sem citar o Brasil ou nenhum outro país.
Na última terça-feira, a embaixada dos Estados Unidos no Brasil afirmou em comunicado que as eleições brasileiras "servem como modelo para o mundo". A declaração aconteceu após Bolsonaro questionar, sem provas, a suposta vulnerabilidade das urnas eletrônicas em uma reunião com dezenas de embaixadores e diplomatas estrangeiros.
"Quanto mais aprofundamos nossas democracias, mais aprofundamos nossa segurança", acrescentou Austin, enfatizando que "a dissuasão credível requer forças militares e de segurança" que estejam sob "firme controle civil".
A CMDA, composta por 34 países, reúne a cada dois anos ministros da defesa da região para promover e trocar ideias e experiências sobre defesa e segurança.
Bolsonaro já disse em várias ocasiões, sem oferecer provas, que houve fraude na eleição de 2014 (vencida por Dilma Rousseff) e na eleição de 2018, na qual afirma ter vencido no primeiro turno.
Opositores e alguns analistas avaliam que a posição de Bolsonaro faz parte de uma estratégia para não reconhecer uma eventual derrota nas eleições presidenciais deste ano e afetar o processo eleitoral.