A fala foi feita por Bolsonaro durante o debate eleitoral deste domingo, 28MIGUEL SCHINCARIOL / AFP
Após declarações polêmicas de Bolsonaro, Chile convoca embaixador do Brasil em Santiago
Presidente do Brasil acusou Gabriel Boric, do Chile, de atear fogo no metrô nos protestos no país em 2019
O Chile convocou para consultas o embaixador do Brasil em Santiago, nesta segunda-feira, 29, em protesto pelas declarações do presidente Jair Bolsonaro contra o presidente chileno Gabriel Boric. Bolsonaro acusou Boric de colocar fogo no metrô nos protestos de 2019.
"Consideramos essas acusações gravíssimas. Obviamente são absolutamente falsas e lamentamos que em um contexto eleitoral as relações bilaterais sejam aproveitadas e polarizadas por meio da desinformação e das notícias falsas", informou a chanceler Antonia Urrejola.
A reação é em resposta às declarações do presidente Bolsonaro durante o tenso primeiro debate eleitoral no domingo, 28, com os candidatos à presidência.
O presidente acusou o presidente do Chile, Gabriel Boric, de estar por trás do incêndio de várias estações do Metrô de Santiago durante os protestos que começaram em 18 de outubro de 2019 e que pediam uma maior igualdade social.
"Lula apoiou o presidente do Chile também; o mesmo que praticava atos de tocar fogo em metrôs, e olha para onde está indo o nosso Chile", disse Bolsonaro, depois de enumerar o apoio de Lula a vários governos de esquerda na América Latina.
"Convocamos o embaixador brasileiro para esta tarde na Chancelaria em nome do secretário-geral de política externa, onde lhe enviaremos uma nota de protesto", explicou Urrejola.
Em outubro de 2019, após uma semana de protestos estudantis, diversas estações de metrô da capital chilena foram vandalizadas por manifestantes e dezenas acabaram completa ou parcialmente queimadas.
A partir de então, se desencadearam manifestações massivas nas ruas, algumas muito violentas, para reivindicar melhoras sociais. Um mês depois, as forças políticas alcançaram um acordo para convocar um plebiscito que decidiria por dar ou não fim à Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Com 78% dos votos, optou-se pela mudança da Constituição. Depois, foi escolhida uma Convenção Constitucional que em um ano redigiu uma nova carta magna, que será submetida a um referendo neste domingo, 4.