O Santuário Nacional de Aparecida recebe milhares de devotos, fiéis e romeiros nesta quarta-feira, 12Thiago Leon

Aparecida - No feriado em que milhões de devotos, fiéis e romeiros celebram o Dia da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora de Aparecida, o arcebispo do Santuário Nacional de Aparecida, Dom Orlando Brandes, fez um discurso crítico durante a homilia na principal missa desta quarta-feira e condenou os "dragões da fome, do ódio, da mentira e do desemprego". Às vésperas do segundo turno das eleições, o religioso reiterou a importância de exercer o direito do voto.
"Nossa Senhora gloriosa no céu, depois da cruz e o céu, é a nossa pátria definitiva. Maria venceu o dragão. Temos muitos dragões que ela vai vencer. O dragão que é o tentador, o dragão que já foi vencido - a pandemia - , mas temos o dragão do ódio, que faz tanto mal. E o dragão da mentira, e a mentira não é de Deus, é do maligno. E o dragão do desemprego, o dragão da fome. O dragão da incredulidade. Com Maria vamos vencer o mal e vamos dar prioridade ao bem, à verdade e justiça que o povo merece porque tem fé e ama Nossa Senhora Aparecida", disse Dom Orlando Brandes.
O enfático sermão ocorre em meio às críticas da exploração da fé e da religião de milhões de brasileiros como ferramenta para conquistar votos no segundo turno das eleições de 2022, em especial na disputa pelo Planalto entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Na terça-feira, 11, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma nota oficial reprovando a estratégia, sem citar nomes de candidatos.  Na sexta, 7, a arquidiocese de Belém, capital do Pará, em outra nota, disse que não convidou o presidente Bolsonaro para participar do Círio de Nazaré, uma das maiores celebrações religiosas e populares do país.

Em Aparecida, interior de São Paulo, Dom Orlando Brandes defendeu a a importância do voto e citou vários exemplos bíblicos para ilustrar os desafios que o povo brasileiro enfrenta na área social, econômica e comportamental. Bolsonaro, que não prestigiou a missa principal, é aguardado à tarde na cidade e evitou o "climão" com o arcebispo que o criticou, sem citá-lo nominalmente, na visita ao santuário em 2021: "Para ser pátria amada, seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma república sem mentira e sem fake news".  

"Escutar Deus, mas escutar também o clamor do povo. Porque ela escutou muito bem no Evangelho. Eles não tem mais vinho. no nosso caso, faltando pão, faltando paz, faltando fraternidade. Esses são os vinhos que todos nós precisamos nos dias de hoje", disse Dom Orlando Brandes.