Beatificação permite que a jovem seja venerada nos templos católicos do BrasilDivulgação/Diocese de Crato

Ceará - Milhares de fiéis acompanharam a beatificação pelo Vaticano da cearense Benigna Cardoso da Silva, em uma cerimônia realizada nesta segunda-feira 24, no município de Crato, no Ceará. A jovem, brutalmente assassinada aos 13 anos após uma tentativa de estupro, se torna a primeira beata do estado. 
A cerimônia teve início no final da tarde e aconteceu no Parque de Exposição Pedro Felício Cavalcanti. Na solenidade, o papa Francisco foi representado pelo cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus (AM). A autoridade fez a leitura da Carta Apostólica do Vaticano e aproveitou a ocasião para relembrar a história de Benigna. 
"Nós, acolhendo o desejo do nosso irmão no episcopado Magnus Henrique Lopes, bispo do Crato, e também dos demais irmãos no episcopado e de muitos fiéis em Cristo, depois de termos ouvido parecer do dicastério para a causa dos santos, com a nossa autoridade apostólica ordenamos que a venerável serva de Deus, Benigna Cardoso da Silva, jovem leiga, mártir, que observando a palavra de Deus conservou sua vida para defender a sua dignidade de mulher até a infusão do sangue", afirma um trecho do documento.
A beatificação, autorizada pelo papa Francisco em 2019, permite que a jovem seja venerada nos templos católicos do Brasil. A solenidade aconteceria em 2020, mas foi adiada por conta da pandemia. O processo antecede a canonização, necessária para que a cearense se torne uma santa para a Igreja. 
Ao todo, o país tem 37 santos brasileiros declarados. Entre eles estão Madre Paulina (2002), Frei Galvão (2007), José de Anchieta (2014) e Irmã Dulce (2017).
História da beata
Benigna foi morta a facadas no dia 24 de outubro de 1941, por Raimundo Raul Alves Ribeiro. A jovem teria ido buscar água em uma fonte da região, quando foi surpreendida pelo rapaz, que tentou estuprá-la. Ela resistiu às tentativas e foi golpeada até a morte. A data agora marca o dia da beatificação, e simboliza, desde 2019, o Dia de Combate ao Feminicídio no Ceará.
Nascida no dia 15 de outubro de 1928, no Sítio Oiti, em Santana do Cariri, a moça ficou órfã e foi adotada por uma família da região. Após o assassinato, a jovem passou a ser venerada na região como símbolo de fé e devoção. Benigna é conhecida como "Heroína da Castidade" pela diocese do Crato e recebeu em 2013 o título de "Serva de Deus" pela Igreja Católica.