Lula se emocionou ao fazer o discurso na cerimônia de diplomaçãoTSE/Twitter
Mesmo sem ser nominalmente citado, o presidente Jair Bolsonaro foi alvo das manifestações de Lula e Moraes. As menções aos questionamentos acerca do processo eleitoral e da confiabilidade das urnas eletrônicas, às milícias digitais e ao esforço para desacreditar os veículos da mídia tradicional soaram como um recado claro ao atual chefe do Executivo. O petista chegou a chamar a atual gestão de ”governo da destruição”.
Emoção no discurso
Antes de iniciar a leitura do seu discurso, Lula fez uma fala de improviso. O petista chorou ao lembrar que teve sua capacidade questionada “por não ter diploma universitário”. O presidente eleito também fez menção indireta ao período em que esteve preso. “Quem passou o que eu passei nos últimos anos tem certeza de que Deus existe”, disse o petista.
“Este diploma não é do Lula presidente, mas de uma parcela significativa do povo, que ganhou o direito de novamente viver em democracia”, destacou Lula. Em seguida, o petista fez uma nova alusão à necessidade de preservação do estado de direito, ao dizer que “a democracia precisa ser semeada (...) e ser defendida todos os dias”.
As referências, ainda que indiretas, ao presidente Bolsonaro continuaram. Lula lembrou que “o povo escolheu o amor, em vez do ódio”, em uma disputa que colocava em confronto duas visões de país — a democrática e a autoritária. O petista chamou de “inimigos da democracia” aqueles que colocaram em dúvida as urnas eletrônicas e o processo eleitoral brasileiro “semeando mentira e ódio”.
Dando ênfase à ao espírito democrático, Lula destacou a formação do que ele classificou como “frente ampla contra o autoritarismo”, citando os partidos que compuseram a coligação que o lançou candidato e as legendas que declaram apoio formal a ele no segundo turno. O petista elogiou ainda a postura da Justiça Eleitoral no combate às fake news e na defesa da urna eletrônica.
Combate à desinformação
O presidente eleito destacou a necessidade de criação de mecanismos que punam a disseminação de notícias falsas. Lula lembrou que o problema não é exclusivo do Brasil, pois já se manifesta nos Estados Unidos e na Europa. “A máquina de mentiras não tem pátria nem fronteiras. Precisamos fazer esse combate com a tecnologia, garantindo informação de qualidade, sem mentiras”, alertou.
Lula disse que o país vai tirar lições importantes “deste período recente”, afirmando que a equipe de transição constatou “o desmonte das políticas públicas”, em uma ação característica “de um governo de destruição nacional”.
Moraes x milícias digitais
O presidente do TSE destacou o papel da Justiça Eleitoral para a realização de um pleito “com lisura incontestável”. Alexandre de Moraes foi ainda mais enfático ao se referir aos grupos que questionaram o processo de organização das eleições e a confiabilidade das urnas eletrônicas.
“Este é o tribunal da democracia, do reconhecimento da lisura eleitoral”, disse Moraes. “Aqui se combate os ataques ao Estado de Direito, os ataques covardes ao membros do Poder Judiciário”, completou.
Em tom de alerta, Moraes disse que a Justiça fará “a integral responsabilização” de todos os que atentaram contra o Estado de Direito e colocaram em dúvida a lisura das eleições, disseminado notícias falsas d discursos de ódio.
”A estabilidade democrática exige o respeito ao Estado de Direito. Esses ilícitos ataques serão alvo da Justiça. Não toleraremos grupos extremistas e criminosos disseminando a desinformação, atacando a democracia, com o objetivo de substituir o regime democrático pela ditadura”, salientou o presidente do TSE.
Poderes reunidos
A diplomação de Lula e Alckmin marcou o encontro das principais lideranças da classe política e dos poderes Legislativo e Judiciário. A cerimônia contou com as presenças dos ex-presidentes José Sarney e Dilma Rousseff, dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSDF-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), da presidente do STF, Rosa Weber, e dos ministros Luis Roberto Barroso, Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Edson Fachin. Também compareceu o procurador-geral da República, Augusto Aras, o futuro ministro da Fazenda Fernando Haddad e de representantes dos partidos que apoiaram Lula.
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