Maria Marighella vai assumir o comando da FunarteDivulgação

Brasília - Ministra da Cultura, a cantora Margareth Menezes convidou Maria Marighella, vereadora de Salvador pelo PT e neta do guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969), para assumir o comando da Fundação Nacional de Artes (Funarte), entidade que faz parte do Ministério da Cultura. Em publicação nas redes sociais nesta terça-feira, 3, a atriz, professora e produtora teatral, de 46 anos, afirmou que aceitou o desafio.
"Neste momento de retomada democrática do nosso país, recebi o convite para assumir a presidência da Fundação Nacional de Artes - Funarte, entidade vinculada ao Ministério da Cultura, com a tarefa irrefutável de retomarmos a construção da Política Nacional das Artes", disse. O projeto, na visão de Maria Marighella, foi "interrompido" com o término do governo Dilma em 2016.
"Assumo com muita honra a missão que me foi confiada pela ministra Margareth Menezes - a quem celebro e agradeço. É uma grande responsabilidade ser a primeira mulher nordestina a ocupar esta Presidência", acrescentou. Ela já havia publicado mensagem de apoio à chefe da pasta quando a mesma foi anunciada pelo presidente Lula, ainda em dezembro.
"Refundaremos também a Funarte com a força da Cultura de todo Brasil. À reconstrução do MinC, à refundação do Brasil!", concluiu, em tom de celebração.
A neta de Marighella, que já esteve à frente da Funarte, recebeu mensagens de apoio nas redes. "Parabéns!", escreveu a atriz Leandra Leal, em um comentário acompanhado de uma figura de coração.
"Maria Marighella na Funarte, gostoso demais", escreveu a vereadora Mônica Benício (PSOL), viúva da  vereadora Marielle Franco.
Na cidade do Rio, a Funarte administra importantes espaços culturais, como os teatros Glauce Rocha e Dulcina, além da Sala Sidney Miller, todos no Centro. Em São Paulo, o órgão foi responsável, até o fim de 2022, pela conservação da histórica sede do Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC, que agora está sob gestão da rede Sesc.
Perfil
Maria Fernandes Marighella nasceu em Salvador, Bahia, em 16 de janeiro de 1976. Ela, que é graduada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), filiou-se ao PT em fevereiro de 2020.
Atuou como coordenadora de teatro da Fundação Cultural da Bahia (Funceb), diretora de espaços culturais da Secretaria de Cultura da Bahia (Secult/BA) e, ainda, no núcleo de teatro da própria Funarte. Possui também mais de dez anos de experiência na gestão de políticas culturais. Além disso, é ativista e defensora dos direitos humanos.
Em sua passagem mais recente pela Secult, atuou na construção e aprovação da Lei Aldir Blanc - que, dentre outras medidas, possibilitou o auxílio emergencial para trabalhadores da Cultura durante a pandemia da Covid-19.
Feminista e antirracista, Maria exerce seu primeiro mandato na Câmara Municipal de Salvador com a pauta da cultura na centralidade de um projeto de desenvolvimento para a capital baiana que tenha como meta a justiça social e o bem-estar de todas as pessoas na cidade. 
Quem foi Carlos Marighella
Seu avô, o guerrilheiro comunista, poeta e político Carlos Marighella, nascido em 5 de dezembro de 1911, também em Salvador, foi um dos maiores nomes de oposição e combate à Ditadura Militar.
Durante sua vida, foi preso por quatro vezes, mas não abandonou a militância. No dia 4 de novembro de 1969, foi morto em uma emboscada em São Paulo.
A trajetória de Marighella foi retratada em um filme, lançado no Brasil em novembro de 2021. O longa carrega o seu sobrenome e tem direção do premiador ator Wagner Moura. O papel principal ficou a cargo do ator, cantor e compositor Seu Jorge.