Um dos problemas que assolam a região são constantes conflitos armados com garimpeirosRicardo Stuckert/Palácio do Planalto

Brasília - O Ministério da Saúde declarou emergência em saúde pública de importância nacional diante da desassistência sanitária dos povos do território Yanomami, na Amazônia. Segundo o governo, houve alta de casos de desnutrição infantil e malária. Em visita a Boa Vista neste sábado, 21, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que vai combater o garimpo ilegal nas áreas protegidas, sem detalhar planos.
Levantamento feito pelo ministério apontou três mortes de crianças indígenas nas comunidades Keta, Kuniama e Lajahu entre 24 e 27 de dezembro. E, no ano passado, foram registrados 11.530 casos confirmados de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami.
Segundo o recém-criado Ministério dos Povos Originários, 570 crianças Yanomami morreram de fome durante os últimos quatro anos.
Desde o início da semana, técnicos federais estão na terra indígena - com 30,4 mil habitantes e a maior do Brasil, para fazer diagnóstico das condições da população local.
Um dos problemas que assolam a região são constantes conflitos armados com garimpeiros, cujas atividades em terras indígenas cresceram 495% entre 2010 e 2020.
O governo de Roraima estima haver cerca de 20 mil garimpeiros em áreas indígenas no Estado. "O que posso dizer é que não vai existir mais garimpo ilegal. Sei da dificuldade de tirar o garimpo ilegal, sei que já se tentou outras vezes e voltam, mas vamos tirar", disse Lula neste sábado.
Medidas
As primeiras medidas devem ser no setor de transportes na região, por causa da precariedade do serviço. Há pessoas que aguardam há seis meses e ficaram abandonadas. Será preciso, diz o governo, aumentar a pista de pouso para o uso de aeronave maior, com capacidade para mais passageiros e alimentos.
"Queremos ajuda", diz Flavio Yanomami, da comunidade de Barcelos, ao relatar a alta de casos de desnutrição e doença.
Segundo Lula, equipes de saúde serão enviadas. "Fica mais fácil transportar dez médicos do que 200 índios." Também serão distribuídas 5 mil cestas básicas e 200 latas de suplemento alimentar para as crianças.
A gestão Jair Bolsonaro (PL) enfraqueceu os órgãos de apoio a indígenas e defendeu liberar o garimpo nas reservas.