Ataques em Brasília ajudam Pacheco na disputa pela presidência do SenadoFabio Rodrigues PozzebomAgência Brasil

Os ataques de 8 de janeiro em Brasília ainda tomam conta dos corredores do Congresso Nacional e são alvo de fortes críticas dos congressistas. Aliados do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acreditam que os ataques alavancaram sua candidatura na disputa pela reeleição. Ele encara uma disputa contra o ex-ministro de Desenvolvimento Regional do governo Jair Bolsonaro (PL), Rogério Marinho (PL-RN).
Pacheco conta com apoio do PSD, seu partido, que possui onze senadores, e do PT, que tem nove parlamentares na Casa. O atual presidente possui mais três votos do PDT, um da Rede Sustentabilidade e um do PSB, totalizando 26 votos a seu favor.

Os ataques aos Três Poderes ainda devem dar a Pacheco mais votos. Isso porque MDB, União Brasil, PSDB e Cidadania devem partir para o lado do atual presidente do Senado, por entender que o bolsonarismo causou os protestos que destruiu o Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF).

“Pacheco foi o mais favorecido. Alguns partidos até cogitaram em apoiar o Marinho e já estavam até negociando a Mesa Diretora. Os ataques mudaram o rumo e agora o Rodrigo deve nadar de braçada na disputa”, afirma um senador, sob condição de anonimato.

A expectativa é que Pacheco consiga mais de 50 votos, porém, esse número é teoria, já que o voto para a presidência do Senado é secreto. Senadores dos partidos citados acima poderão votar em Marinho, caso queiram, e não ouvir as orientações das bancadas.

Vira-casaca
Internamente, o próprio Pacheco não trabalha com 50 votos neste primeiro momento. Aliados alertaram para a possibilidade de parlamentares do MDB e União Brasil seguirem suas ideologias mais ligadas ao bolsonarismo e votarem em Rogério Marinho.
Do outro lado, Marinho tenta convencer partidos de Centro de que os ataques não foram causados pelo bolsonarismo, mas pela insatisfação popular com os rumos do país em 2023. Até o momento, Rogério Marinho conta com 23 votos, com apoios do próprio partido, o PL, do Progressistas e do Republicanos.

Interlocutores do ex-ministro lembram que os ataques em Brasília também devem influenciar nos votos da base aliada. Eles já esperam por ‘traições’ de senadores mais afastados de Bolsonaro.

“Alguns devem virar a casaca. Depois do Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo], há uma preocupação do PL com o afastamento de seus pares do ex-presidente”, afirma uma fonte próxima do partido de Jair Bolsonaro.

Entretanto, Marinho também espera ‘traições’ de aliados de Pacheco. O ex-ministro acredita que conseguirá tirar votos do atual presidente no Senado nos próximos dias, quando a disputa se afunilará.

A votação para a presidência do Senado acontece no dia 1º de fevereiro, data de retomada dos trabalhos no Legislativo. Além de Marinho e Pacheco, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) corre por fora da disputa, com apoio apenas do próprio partido, que conta com seis parlamentares no Senado.

As eleições também acontecem na Câmara dos Deputados, onde Arthur Lira (Progressistas-AL) deve vencer com folga. O ex-aliado de Bolsonaro, e agora próximo de Lula, conseguiu unir PT e PL em sua candidatura.