Brasília - A investida de parlamentares do Partido Liberal (PL) para emplacar o deputado federal na presidência da Comissão de Meio Ambiente da Câmara não prosperou. Ciente da repercussão negativa, expressada na revolta de entidades e deputados da base aliada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-ministro do Meio Ambiente no governo Jair Bolsonaro (PL) não comprou a ideia da ala bolsonarista da legenda e rechaçou a possibilidade para evitar polarizar com Marina Silva (Rede), atual ministra da pasta.
Alvo da operação Akuanduba da Polícia Federal, que investigava o esquema de exportação ilegal de madeira do Brasil para os Estados Unidos, Salles foi exonerado do ministério do Meio Ambiente em 2021. Sua gestão foi marcada por críticas do chamado desmonte da política ambiental no país, com recordes nos números de desmatamento, queimadas, grilagem, garimpo e invasão de terras indígenas.
Com a promessa de mudança radical na política ambiental sob a batuta de Marina Silva, com foco no desenvolvimento sustentável e investimento na chamada indústria limpa, Salles se retirou da disputa pela presidência da Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara.
"Eu não quero. Acabei de entrar na Câmara, não conheço o trâmite. Presidir comissão, na minha opinião, é uma função muito importante para quem já tem alguma experiência parlamentar. Pelo menos no primeiro ano, quem acabou de entrar, devia se abster de presidir comissão. Não quero a de Meio Ambiente e nenhuma outra", disse Salles.
A possível indicação teve uma reação imediata de entidades ligadas à área ambiental e parlamentares da oposição e da base do presidente Lula. O Observatório do Clima listou os motivos pelos quais Salles deveria ter a indicação barrada.
"Condenação em primeira instância por fraude ambiental em São Paulo; perseguição a servidores do Ibama e ICMBio; paralisação do Fundo Amazônia - mais de R$ 3 bilhões em caixa; menor valor em multas ambientais em duas décadas; investigação da PF por tráfico de madeira e mais 8 crimes; 56 mil km² de desmatamento na Amazônia e no cerrado; e genocídio na Terra Yanomami [durante a gestão Bolsonaro]", elencou o observatório.
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