Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, confessou ter usado parte do dinheiro para benefício próprioReprodução/USP

São Paulo - Alicia Muller, investigada por desviar quase R$ 1 milhão da comissão de formatura da 106ª turma da Faculdade de Medicina da USP , é alvo de 76 representações criminais por estelionato. A Polícia Civil encaminhou as representações ao Ministério Público e à Justiça de São Paulo.

Os formandos lesados pela ação reuniram as representações e uma planilha com os prejuízos de cada um, que foram entregues ao 16º Distrito Policial.
À Promotoria também foram entregues pela delegacia os laudos técnicos emitidos pelo Instituto de Criminalística, que analisou os objetos de Alicia apreendidos em 24 de janeiro. Entre eles estão dois celulares, um HD externo e os cartões de crédito da investigada.
Inicialmente, ela foi indiciada por apropriação indébita, mas, segundo MP-SP e o TJ-SP, o caso se refere ao crime de estelionato, que depende de representações criminais para que a denúncia seja acolhida.

O Ministério Público de São Paulo tem 15 dias para se posicionar e a Justiça pode reavaliar o pedido de prisão feito pela Polícia Civil após analisar os novos itens que foram adicionados ao processo.

Os dados da quebra de sigilo bancário da jovem ainda não foram enviados pelas instituições financeiras. O pedido da polícia paulista foi feito ainda em janeiro, e o objetivo do acesso às contas bancárias da aluna de 25 anos é rastrear o fluxo financeiro dela em relação às transações referentes ao dinheiro da comissão de formatura.

Após o caso, a estudante retomou as atividades na Faculdade de Medicina na USP. Segundo o advogado Sérgio Stocco, Alícia voltou aos estudos no último dia 27, em regime gradual. Ela está fazendo estágio junto aos estudantes de pós-graduação.
Stocco ainda informou que a retomada das atividades foi acordado com a coordenação do curso de medicina e que a decisão partiu da própria aluna. A volta da estudante causou polêmica entre os alunos, que foram à reitoria pedir a expulsão de Alícia.

O advogado ainda disse que a acusada pelo desvio deve voltar às aulas nas próximas semanas. De acordo com ele, não houve incidentes com os alunos.

Relembre o caso
Alicia confessou ter desviado R$ 1 milhão da comissão de formatura dos alunos de medicina , mas foi liberada pela polícia. As investigações dão conta de que ela apostou R$ 500 mil na Lotofácil e faturou R$ 171 mil.
De acordo com a Polícia Civil, a estudante perdeu ao menos R$ 330 mil , mas o valor ainda pode ser atualizado conforme o avanço das investigações.

A polícia já apreendeu o carro que Alicia alugava por R$ 2.000 ao mês, três cartões de crédito, um HD, um tablet avaliado em R$ 6.000, dois celulares e um notebook. O iPhone que a jovem usava era alugado por R$ 3.000 ao ano.

Conforme as informações, os gastos mensais de cartão de crédito de Alicia passaram de R$ 2.000 para R$ 7.000.

Segundo a estudante, o dinheiro não estava sendo bem administrado pela "Às Formaturas" e ela optou por investir todo o montante financeiro de maneira independente . Quando se deu conta de que os investimentos não estavam dando resultado, a então presidente da comissão de formatura da turma 106ª da FMUSP começou a se desesperar e passou a fazer apostas em casas lotéricas . Outra parte do dinheiro foi usada para custear despesas pessoais da estudante.

Além do inquérito que investiga a apropriação do valor da turma, Alicia também é investigada por estelionato e lavagem de dinheiro, no Deic de São Bernardo do Campo.