Lula escalou Geraldo Alckmin para entender as demandas de investimentos considerados prioritários para cada setor das Forças ArmadasMarcelo Camargo/Agência Brasil

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou uma série de gestos amistosos em direção aos militares, após a turbulência que abalou as relações entre as Forças Armadas e o Palácio do Planalto no início do ano, quando ocorreram atos golpistas em 8 de janeiro.
Lula escalou o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para entender as demandas de investimentos considerados prioritários para cada setor das Forças Armadas. Na quinta-feira, 15, Lula participou de um almoço com oficiais da Marinha.
Nos próximos dias, o líder petista visitará o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), no Rio de Janeiro, e muito provavelmente participará da cerimônia de inauguração da linha de produção de caças (tipo de avião militar concebido para combate aéreo) em São Paulo.
De maneira semelhante ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o atual presidente pretende comparecer a cerimônias de formatura de futuros oficiais, a fim de estreitar as relações com os quartéis.
Alckmin participou de reunião com o comandante do Exército, Tomás Paiva, e o chefe do Estado-Maior da Força, general Valério Stumpf. Durante uma hora de conversa, os oficiais apresentaram alguns dos seus projetos prioritários.
O vice-presidente também tem agendado um encontro com o comando da Aeronáutica e tem planos de se encontrar com o comando da Marinha nos próximos dias.
Recentemente, a Marinha divulgou um comunicado que determinava que militares da ativa se desfiliassem de partidos políticos em até 90 dias, sob risco de punição. Isso ocorreu depois que a Força descobriu que havia membros filiados a partidos, o que é proibido pela lei.
O Ministério da Defesa trabalha em uma proposta que tornaria mais difícil para os militares se envolverem com a política. O projeto ainda está sendo elaborado, mas exigiria que eles deixassem suas Forças ou se aposentassem antes de concorrerem a cargos políticos ou assumirem ministérios.
O presidente e seus principais assessores acreditam que manter um bom relacionamento com os militares é importante e que isso requer um esforço contínuo.
O ministro da Defesa, José Múcio, é responsável por essa interação e costuma lembrar que, independentemente do resultado das eleições, a maioria dos militares continuará apoiando Bolsonaro e outros políticos conservadores.
As autoridades do governo acreditam que a atenção de Lula também será voltada aos militares de patentes mais baixas. O petista não é muito popular entre os oficiais de alta patente, mas estes agem sempre com moderação.
Em resposta a essa situação, Lula planeja comparecer a algumas formaturas militares, algo que Bolsonaro costumava fazer quando estava no poder.