Jair Bolsonaro falou com deputados, senadores e lideranças nesta quinta-feiraAFP
"Eu lembro lá atrás que quando alguém criticava o Parlamento, o Ulysses Guimarães dizia: 'Espere o próximo'. Dessa vez o próximo melhorou muito. O Parlamento está nos orgulhando, pela forma de se comportar, de agir lá dentro, fazendo realmente o que tem que ser feito, e mostrando para esse pessoal aqui, por ora e que no pouco tempo que está no poder, não vão fazer o que bem quer do futuro na nossa nação", discursou Bolsonaro.
O ex-presidente disse também que, a partir de agora, vai receber e conversar com muita gente. Destacou ainda se tratar de uma tremenda responsabilidade, e ponderou que o "nosso chefe é o Valdemar (Costa Neto)".
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que tanto Bolsonaro como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro vão trabalhar agora com o objetivo de fortalecer o partido para as disputas municipais de 2024, antessala da eleição presidencial de 2026.
O ex-presidente vai passar a despachar diretamente do escritório do PL, na região central de Brasília, e receber aliados políticos. O objetivo desenhado pelo partido é fortalecer a oposição ao governo. Na fala que fez aos parlamentares, Bolsonaro prometeu empenho pela oposição e pelo PL. Ao dizer que o "chefe aqui é o Valdemar", mandou um recado à ala da legenda que quer negociar com Lula em troca de votos no Congresso, de acordo com integrantes da sigla.
A primeira pauta é defender a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro como estratégia para desgastar o Planalto e culpar o governo pela invasão à sede dos Três Poderes em Brasília, apesar de o ato ter sido organizado e executado por apoiadores de Bolsonaro.
Após sua fala, os políticos presentes gritaram "mito, mito, mito" e "ô, o capitão voltou". Houve ainda uma sessão de fotos. Estavam presentes também os deputados Helio Lopes, Nikolas Ferreira, Bia Kicis e Paulo Bilynskyj, e os senadores Flávio Bolsonaro, Ciro Nogueira, Damares Alves, Marcos do Val e Rogério Marinho.
Saudade do QG
Do lado de fora, apoiadores saudaram o ex-presidente e gritavam palavras de ordem. "CPMI" foi uma delas. "O capitão voltou" foi outra. Também houve quem citasse a organização que antecedeu os ataques aos Poderes no dia 8 de janeiro. "Que saudade do QG", gritou uma apoiadora de Bolsonaro.
Desde cedo, bolsonaristas com camisas amarelas e enrolados em bandeiras do Brasil aguardavam o ex-presidente no saguão do aeroporto de Brasília. Aliados de Bolsonaro chegaram a prever que 10 mil pessoas iriam se aglomerar na área do desembarque para uma festa de recepção, mas o público foi menor. Cerca de 600 pessoas esperavam pela chegada dele.
Bolsonaro não passou pelo saguão principal, o que deixou clima de decepção entre os apoiadores que o aguardavam. Do lado de fora, apoiadores reclamaram de um "bloqueio" feito pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). O órgão explicou que, na verdade, houve uma triagem para que para que passageiros que estavam com voos marcados não fossem prejudicados pelos manifestantes.
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