Carrefour é processado por entidades antirracistas Reginaldo Pimenta/Agência O Dia

São Paulo - As entidades antirracistas, Educafro e o Centro Santos Dias de Direitos Humanos, entraram na última terça-feira (11) com uma ação civil pública contra a empresa Carrefour. Elas pedem a Justiça de São Paulo que seja pago uma indenização por danos morais coletivos de R$ 115 milhões, utilizando como argumento os mais recentes casos de discriminação racial nas dependências da empresa.
Dentre os casos citados, destacam-se o visto na última quinta-feira (06), ao qual o artista Vinicius de Paula afirma ter sido impedido de ser atendido em uma das unidades da empresa, localizada no Alphaville, bairro da capital paulista.
O caso gerou protestos, como em Curitiba (PR), ao qual uma professora negra tirou a roupa nas dependências do supermercado manifestando contra a perseguição de seguranças. A repercussão do caso chegou ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que citou durante uma reunião com ministros na comemoração dos 100 dias de governo. "A gente não vai admitir racismo”, resumiu o presidente.
Além da indenização nos casos, as organizações pedem que seja implementado medidas de educação antirracistas aos colaboradores e gestão da empresa. A inclusão de afrodescendentes no quadro do Conselho de Administração é exigida, e a criação de um comitê integrado por pessoas negras é pedido, para que as discussões acerca de temas relacionados à diversidade sejam realizados.
Anteriormente, as instituições haviam fechado um acordo com o Carrefour no caso da morte de João Alberto Silveira, na capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. O homem foi morto espancado por seguranças do mercado, após um desentendimento com uma funcionária no caixa. A decisão ocorreu em 2021.

Segundo a equipe jurídica das organizações, o Carrefour não está cumprindo com as medidas que foram decretadas no caso da morte de Silveira, Eles haviam aceitado negociar um valor de R$ 110 milhões para os fundos de políticas antirracistas.

Na ação, eles ressaltam: "Os graves atos de humilhação e discriminação, de cunho racista, perpetrados reiteradamente pela empresa ré, menos de três anos depois do assassinato sob tortura do cidadão negro João Alberto Freitas por agentes da empresa ré, não vitimaram apenas os cidadãos e consumidores negros. A população brasileira como um todo foi igualmente afetada por referidos atos de racismo em violação a direitos humanos fundamentais".