Bolsonaro Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
PF pode convocar Bolsonaro para prestar segundo depoimento sobre atos antidemocráticos
Ex-presidente prestou o primeiro depoimento nesta quarta (26)
Brasília - A Polícia Federal pode convocar novamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) para prestar depoimento sobre o ato terrorista de 8 de janeiro. O capitão da reserva é investigado por possível ligação com o manifesto golpista, que ocasionou na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.
De acordo com informações publicadas nesta quarta-feira (26) pela colunista Andreia Sadi, do Portal G1, pessoas que participam da apuração dizem que a investigação avançou pouco na tentativa de descobrir possíveis autores intelectuais do ato terrorista. Isso pode ser um empecilho no aprofundamento do interrogatório.
Os investigadores trabalham com a hipótese de chamar Bolsonaro novamente no fim do inquérito para dar novas declarações. O processo tramita sob sigilo. Quando a apuração for finalizada, o ex-presidente pode ser réu por incentivar crimes.
Bolsonaro prestou o primeiro depoimento sobre o caso nesta quarta. À PF, ele disse que publicou sem querer um vídeo em que contesta o sistema eleitoral . A postagem ocorreu dois dias após os atos golpistas na sede dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.
Bolsonaro ficou cerca de 2 horas na corporação prestando depoimento para o inquérito que investiga quem são os autores intelectuais da invasão golpista. Os esclarecimentos à Justiça foram determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
"Este vídeo foi postado na página do presidente Facebook quando ele tentava transmitir para o seu arquivo de WhatsApp para assistir posteriormente. Por acaso, justamente nesse período, ele estava internado em um hospital em Orlando", afirmou o advogado do ex-presidente, Paulo Cunha Bueno, que o acompanhou no depoimento.
"Foi feita de forma equivocada. Tanto que pouco depois, duas ou três horas depois, ele foi advertido e imediatamente retirou a postagem", completou Bueno.
Bolsonaro é investigado
O ex-presidente foi incluído no inquérito dos atos golpistas dois dias após a invasão, após investigadores considerarem que havia ligação entre o vídeo postado por Bolsonaro e os vândalos do dia 8 de janeiro.
Segundo o Ministério Público Federal, a publicação 'parece configurar uma forma grave de incitação, dirigida a todos seus apoiadores, a crimes de dano, de tentativa de homicídio, e de tentativa violenta de abolição do Estado de Direito'.
8 de janeiro
Os prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos por bolsonaristas na tarde de 8 de janeiro. Eles protestaram contra a vitória de Lula e o uso das urnas eletrônicas.
Cerca de mil pessoas foram presas e levadas para a carceragem da Polícia Federal na capital. Algumas já foram liberadas por decisões do STF, enquanto outras ainda aguardam o pedido de habeas corpus.
Nesta semana, o STF tornou réus os primeiros 100 suspeitos de participarem dos ataques. Outros 200 golpistas estão tendo os casos analisados desde ontem (25).