Yanomami ferido a tiros é atendido por equipes de saúde em Surucucu Reprodução: vídeo

Um indígena, de 36 anos, morreu e outros dois foram baleados na comunidade Uxiu, dentro da Terra Indígena Yanomami na tarde do sábado, 29, em Roraima. Os dois Yanomami feridos foram encaminhados à capital Boa Vista na manhã deste domingo, 30.
Segundo o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari, as três vítimas foram baleadas por garimpeiros ilegais que atuam na região. 
Eles foram socorridos de Uxiu por equipes que atuam em Surucucu, onde há uma unidade de referência em saúde. Com um ferimento na cabeça, Ilson Xirixana chegou à unidade desacordado, mas não resistiu e morreu às 5h33 deste domingo. Ele atuava na região como agente indígena de saúde (AIS).
"A equipe de saúde trabalhou muito a noite inteira. Ele teve cinco paradas cardíacas, foi reanimado, mas na madrugada não aguentou e morreu", informou Hekurari.
As outras duas vítimas, de 24 e 31, disseram ao presidente do Conselho Distrital que os garimpeiros chegaram à comunidade Uxiu e abriram fogo. "Alguns estavam encapuzados", acrescentou.
O jovem de 24 anos levou dois tiros no abdômen e estava com sangramento constante. O outro ferido, de 31, teve dois tiros no abdômen, dois na perna e vomitava bastante. Além disso, a equipe identificou ferimento na lombar.
Além disso, segundo Hekurari, o corpo de Ilson Xirixana também foi transportado à capital para que a Polícia Federal possa fazer perícia.
Crise na Terra Yanomami
O maior território indígena do Brasil enfrenta uma crise com casos graves de indígenas com malária e desnutrição severa. De acordo com Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, pelo menos 570 crianças yanomamis morreram em decorrência de desnutrição nos últimos quatro anos, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Desde o dia 20 de janeiro, a Terra Yanomami está em emergência de saúde pública devido ao cenário de desassistência. Desde então, o governo federal atua para frear a crise com envio de profissionais de saúde, cestas básicas e desintrusão de garimpeiros do território.
O garimpo predatório, além de prejudicar a saúde dos indígenas e aumentar a violência local, também devasta o meio-ambiente devido ao desmatamento, poluição de rios com mercúrio e outros prejuízos à fauna e à flora.
Na tentativa de frear e combater o avanço do garimpo, o governo Lula também deflagrou uma operação conjunta contra os invasores. Dentro do território, agentes do Ibama, Funai, Força Nacional e PF atuam com ações de enfrentamento, queimando aeronaves e apreendendo materiais de suporte para a vasta logística de garimpeiros.

Enquanto isso, também são feitos atendimentos de saúde aos indígenas doentes. Esses atendimentos ocorrem dentro do território, com equipes que atuam no polo de Surucucu, no Hospital de Campanha, em Boa Vista, e também nos hospitais públicos infantil e adulto, quando os casos se agravam.