Jair Bolsonaro se negou a depor à Polícia Federal após ser alvo de operação que apura falsificação de dados na carteira de vacinaReprodução

Brasília - Alvo de uma operação da Polícia Federal, que cumpriu um mandado de busca e apreensão em sua casa em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chorou copiosamente durante uma entrevista ao programa 'Pânico na TV', da 'Jovem Pan' ao se pronunciar sobre a ação da manhã desta quarta-feira (3). Bolsonaro é suspeito de inserir dados falsos contra a covid-19 na carteira de vacinação e no sistema do Ministério da Saúde para entrar nos Estados Unidos, que ainda exige a comprovação vacinal.
Ele foi às lágrimas ao citar a mulher, Michelle Bolsonaro, a única imunizada na família, de acordo com palavras dela mesma. O presidente de honra do PL afirmou que ao viajar aos Estados Unidos não teve necessidade de apresentar o documento com dados falsos. Segundo a investigação da PF, o certificado digital foi emitido um dia após a fraude, no dia 27 de dezembro, em inglês. 
"Isso é problema meu. Eu resolvi não tomar a vacina. Acharam ali o cartão de vacina da minha esposa, a Michelle…" afirmou, que, na sequência, começou a chorar. "Tiraram fotografia do cartão de vacina dela. A suspeita era de fraude. Ela foi vacinada em 2021 nos Estados Unidos. Eu não tomei vacina lá, não tomei em lugar nenhum", disse.
A Operação Venire foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que considera possível organização criminosa. A investigação mira um grupo suspeito de obter certificado de vacinação falso para o ex-presidente Jair Bolsonaro, sua filha melhor e assessores, entre eles o tenente-coronel Mauro Cid, um dos presos na manhã desta quarta-feira. O esquema envolve a secretaria de Saúde de Duque de Caxias. Os agentes da PF apreenderam os celulares de Bolsonaro e dos outros suspeitos.
Na entrevista, o agora presidente de honra do PL voltou a negar falsificação do cartão vacinal. Bolsonaro se negou a prestar depoimento à PF nesta quarta-feira. A defesa alegou que não teve acesso aos autos, que tiveram o sigilo retirado por Moraes ao longo da tarde desta quarta.
"E por que eu fico emocionado? Mexeu comigo, sem problema. Quando vai para esposa, para filhos, aí o negócio é desumano", disse.
Presos
Além de Mauro Cid, também foram identificados o policial militar Max Guilherme e o militar do Exército Sérgio Cordeiro, ambos atuavam na segurança do presidente, e o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha. Ele é acusado de inserir dados falsos sobre a vacinação de covid-19 no sistema da saúde.
As ações ocorrem dentro do inquérito policial que apura a atuação das chamadas milícias digitais, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). Os fatos investigados configuram crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.