Mauro Cid teria vacinado as filhas fora do calendário oficial de imunizaçãoReprodução/Redes Sociais

As filhas do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), teriam sido vacinadas contra a Covid-19 antes da campanha para a imunização infantil começar no Brasil. As informações constam dos registros do Ministério da Saúde.

Ainda menores de idade, as filhas de Cid teriam tomado a vacina da Janssen, que só é autorizada para maiores de 18 anos no Brasil. Segundo os dados, elas teriam recebido as doses 22 de junho de 2021, 8 de setembro de 2021 e 19 de novembro de 2021, sendo as duas primeiras da Pfizer e a última da Janssen. Os imunizantes foram aplicados no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
Na época, duas das três filhas do tenente-coronel tinham 5 anos e 14 anos. Os dados foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde em 17 de dezembro, quando a mais velha já tinha feito 18 anos, porém quando as doses foram aplicadas ela tinha 17.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a imunização contra a covid com a vacina da Pfizer em adolescentes a partir de 12 anos no dia 11 de junho de 2021, 11 dias antes da primeira dose da filha do meio de Mauro Cid.

Contudo, em Duque de Caxias, a vacinação começou somente no fim de agosto, segundo a Prefeitura. No dia 21 de agosto de 2021, a imunização foi iniciada para os adolescentes de 16 e 17 anos com deficiência permanente (física, sensorial ou intelectual) ou comorbidades.
Operação Venire
Na quarta-feira, 3, a Polícia Federal cumpriu 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, no Rio de Janeiro e em Brasília. Entre os alvos de prisão estão o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o policial militar Max Guilherme, o militar do Exército Sérgio Cordeiro, o sargento do Exército Luís Marcos dos Reis, o major da reserva do Exército Ailton Gonçalves Barros e o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias , João Carlos de Sousa Brecha.

O objetivo da operação é investigar um grupo que teria fraudado vacinação contra a Covid-19 no Ministério da Saúde entre novembro de 2021 e dezembro de 2022.

"Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid", afirma a Polícia Federal.