Ailton Moraes foi expulso do Exército por desacatar oficiaisFacebook/Reprodução

São Paulo - Um dos presos preventivamente na Operação Venire sob suspeita de envolvimento no esquema de fraude em cartões de vacinação, o advogado e militar da reserva Ailton Gonçalves Moraes Barros é aliado do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, e mantém histórico de "irregularidades" nos quartéis.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ailton tem 61 anos, é major reformado e detém patrimônio declarado de R$ 388 mil. Nas redes sociais, se diz oficial da Academia Militar das Agulhas Negras e paraquedista militar e civil. No ano passado, quando disputou vaga de deputado estadual pelo PL, se apresentava como o "01 de Bolsonaro".
Considerado peça-chave no "êxito" de fraude na carteira de vacinação da mulher de Cid, Ailton foi expulso do Exército após o Superior Tribunal Militar entender pela "imperiosa impossibilidade" de sua permanência na caserna. A decisão de expulsão é de 2006. À época, Ailton era capitão, mas, ao ser reformado, mudou a patente para major, seguindo as normas militares.
A expulsão levou em consideração casos em que o então capitão desacatou outros oficiais e fez críticas ao Exército em entrevistas. Em 2002, Ailton se envolveu em ocorrência de trânsito na Vila Militar no Rio e desacatou soldado da Polícia do Exército, tentando intimidá-lo. O STM também citou episódio em que Ailton, então candidato ao Legislativo estadual, em 2002, e ainda militar da ativa, distribuiu panfletos em que aparecia com uniforme do Exército e criticava a instituição e seus superiores. Para a Corte militar, o então capitão "por diversas vezes procurou diminuir a autoridade de soldados que zelavam pela segurança em áreas militares".
Marielle
Na Operação Venire, Ailton é apontado como "intermediário" do esquema na prefeitura de Duque de Caxias. Após ajudar Cid, segundo a PF, Ailton pediu uma "contrapartida": que o tenente-coronel intermediasse um encontro cujo tema seria o assassinato de Marielle Franco, ocorrido em 2018.
A solicitação se deu em razão de Ailton ter tido ajuda do ex-vereador Marcello Siciliano na fraude. Em troca, pediu que o ex-ajudante de ordens conseguisse um encontro entre Siciliano e o cônsul dos EUA. O objetivo seria resolver um problema relacionado ao visto do ex-vereador decorrente do envolvimento do nome de Siciliano no caso Marielle.