Alimentos foram comprados congelados, forma de armazenamento não usada na região Funai/Divulgação

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), abriu uma investigação interna para apurar possíveis irregularidades na compra de alimentos para os povos indígenas do Vale do Javali (AM). De acordo com as informações obtidas pelo jornal O Estado de São Paulo, a fundação possuí irregularidades da antiga gestão na compra de carnes. Na época, sob a tutela do governo de Jair Bolsonaro (PL), foram comprados cerca de 19 toneladas de bisteca aos povos da região.
A atual presidente da Funai, Joenia Wapichana, disse que já entrou em contato com o responsável técnico da área para averiguar tal transação: "Eu vou apurar as informações, pois se trata de atos da gestão anterior e, para tanto, preciso que se apure junto aos departamentos competentes internos da Funai". As informações é que o contrato que possui o maior valor segue ativo no atual governo.
A publicação mostra que foram gastos na região, entre 2019 e 2023, cerca de R$ 585,5 mil em bisteca, além do total de R$ 13,4 milhões em carnes (515 quilos). Entretanto, os alimentos foram comprados congelados, forma que não é armazenada pelos povos indígenas da região.
Outro ponto que vem sendo investigado são os gastos com alimentos enviados à tribo Yanomami durante o período do governo Bolsonaro, com produtos que não são da dieta do povo. Ao todo, foram gastos R$ 4,4 milhões.
O órgão também identificou um contrato que segue ativo que prevê a entrega de sardinha e linguiça calabresa para povos indígenas, sendo esses alimentos que não fazem parte da alimentação das tribos. Além disso, foi levantado que nem tais produtos foram entregues aos povos, com o órgão informando o Ministério Público e sobre todas as questões informadas anteriormente.
O MP teria, em 2021, determinado que a União fizesse um estudo antropológico e na área da nutrição para que se entendesse quais eram os alimentos consumidos pelos povos, e assim, conseguir montar uma cesta para eles. Entretanto, a gestão de Bolsonaro manteve a compra de alimentos que não condiz com a dieta dos povos.